“Eu fiz matemática porque era o curso menos concorrido.”

O professor Ivo no intervalo de uma das aulas
Foto: Diogo Figueiredo

Eram 21h30min quando Ivo Eichelderger chega à sala de aula, dando “boa noite”, com seu típico sotaque alemão. O hoje consagrado professor de matemática de dois tradicionais pré-vestibulares da cidade se formou na UFSM em 1976. No quadro da formatura em exposição no campus, vestia calça boca-de-sino. No frio de uma noite de outono de 2008, vestia sapatos, jeans e uma camisa pólo.

Após cumprimentar os alunos, ajeita o microfone e inicia o conteúdo. É o começo do fim de uma longa jornada que inicia de manhã e pode ir até às 23h, com intervalo à tarde. Em aula, o professor de 55 anos explica meticulosamente o conteúdo, na tentativa de desmistificar a matéria que causa tanto pânico nos alunos. Para quebrar as dificuldades do conteúdo, às vezes conta passagens de sua vida, histórias e até piadas. Na falta da graça delas, é o rubor de vergonha no rosto de Ivo que faz os alunos dar risadas.

Entretanto, quem vê a calma de Ivo em sala, não imagina que ele optou pelo curso de matemática da UFSM simplesmente por ser o menos concorrido do vestibular. De infância pobre, sempre estudou em escola pública. Tentou a faculdade em Santa Maria por “sugestão de um amigo que veio um ano antes. Vim no peito pra cá.”. Nasceu em Rio Pardo, uma pequena cidade de colonização alemã do interior do Estado. Considerava cursar o superior uma grande vitória. Tentou a sorte, sem cursinho pré-vestibular, e passou. Como ele diz: “Passei meio mal, mas passei”.

Para se manter na cidade, contou com a ajuda de amigos e morou na Casa do Estudante. No final do segundo ano do curso, começou a dar aulas no Colégio Sant’Anna . Foi sua primeira experiência como professor, há 30 anos. Depois entrou no Colégio Riachuelo, onde seguiu como professor do cursinho em que está até hoje. Ivo nem imaginava que hoje teria sob sua responsabilidade quase 3 mil alunos por ano.

A rotina por vezes pesada não cansa o professor: “Eu me sinto bem dando aula. Pra mim aula não cansa. Talvez a gente canse um pouquinho, por que é muita aula. Mas isso é em fases do ano. Mas o fato de dar aula é extremamente estimulante. São momentos do dia em que me sinto muito bem”. Ivo, que chegou a ser bancário por 15 anos, não teve dúvidas ao optar entre as duas carreiras. Sobre se aposentar, só por tempo de serviço. Pretende seguir dando aulas e parar “só quando morrer”.


Diogo Figueiredo – diogorf@gmail.com
5º semestre/jornalismo
3/6/2008





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