Entre narcisos e espinhosO editorial é um texto opinativo no qual fica explícita a posição de um veículo de comunicação sobre determinado assunto. Os editoriais do InfoCampus expuseram a opinião da nossa equipe sobre temas relacionados ao cotidiano do campus. Desta vez, no entanto, por ser a última edição de 2008 - já que a disciplina de Laboratório de Jornalismo Digital III termina nesta terça-feira (para a nossa turma) - tomaremos outro objeto de crítica: nós mesmos.
O InfoCampus possibilitou que entrássemos em contato com a linguagem jornalística em um campo ainda em expansão, a web. Aprender a explorar os elementos que constituem esse meio - como a interatividade, a hipertextualidade, a convergência de diferentes tipos de mídia em uma mesma plataforma, dentre outros – foi apenas um dos objetivos do webjornal. Isso no intento de pôr em prática o ideal de jornalismo sem outros fins que não sejam relacionados à qualidade da informação.
Todavia, essa caminhada prática nos apresentou outros lados do jornalismo. São coisas que até conseguíamos perceber na profissão antes da prática jornalística, mas sobre as quais não sabíamos se estávamos delirando ou não.
Uma dessas características, que também existe em outras profissões, é a vaidade inerente à prática profissional. Antes de falar sobre isso, uma consideração: o produto jornalístico – ou seja, a informação através da qual o leitor/ouvinte/telespectador pauta a sua ação – requer um trabalhoso esforço de coleta de dados e apuração de fatos. Para isso, o repórter busca fontes diversificadas (às vezes ouve grosserias sem motivo nesse intento, mesmo agindo respeitosamente), lê livros e quaisquer outros materiais que possam instruí-lo. Além disso, passa horas raciocinando sobre se ‘aquela frase não é dúbia’, se ‘a palavra escolhida será da compreensão dos leitores’, dentre outras questões técnicas.
Percebe-se, com isso, que oferecer informações de qualidade para o leitor compreender a sua realidade, e, conseqüentemente, organizar a sua ação, não é uma tarefa simples. Essa atividade não pode ser irresponsável.
Tendo isso em mente, esforçamo-nos na tentativa de produzir matérias de interesse para alunos, professores e funcionários da UFSM durante esses meses. O empenho em produzir esse material permitiu ao InfoCampus receber elogios e críticas. E este é o ponto que interessa: como lidar com os elogios que nos envaidecem e com as críticas que desconsideram todo o trabalho feito (às vezes infundadas, às vezes com fundamento)? Essa é uma questão complicada de responder, e agora está claro que ela nos acompanhará durante toda a nossa vida.
A vaidade caminha lado a lado com a prática jornalística, por mais que pessoas engravatadas digam na televisão que não. Às vezes ela quase subia à nossa cabeça, e às vezes quase nos tornávamos surdos para críticas construtivas. Na longa jornada que se seguirá a partir daqui, teremos de aprender a lidar com ela se não quisermos nos tornar profissionais medíocres. Nós ganharemos com isso; o consumidor da informação, também.
Por ter em vista essas questões, que vão além das disciplinas do curso, passamos quatro anos estudando diversas teorias, e também produzindo atividades - como o InfoCampus - em cadeiras práticas. É por respeito conosco e com os consumidores da informação que refletimos sobre esses temas. Enfim, esse é o nosso ofício.
E ainda há gente que crê ser dispensável o diploma em jornalismo...
Jorge Robespierre Tomás Japur – jorgejapur@yahoo.com.br
5º semestre/jornalismo
15/7/2008 Edições Anteriores
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