A revolução dos ‘Bixos’ Há pouco mais de dois anos, a equipe atualmente responsável pelo Infocampus estava entrando pela primeira vez nos corredores da UFSM. O que comentávamos na época era nossa vontade de mudar a Universidade, mudar o mundo, quebrar paradigmas, revolucionar o jornalismo. Hoje, mais madura, a equipe já tenta se encaixar e aprender no dia-a-dia como lidar com as situações correntes da nossa profissão.
E quem não passou por isso? Entrar em uma Universidade pública e conviver com pessoas que possuem pensamentos parecidos com os seus com certeza dá uma cutucada no sentimento de “revolução”. Fogo de palha, empolgação inconseqüente ou vontade sólida de se engajar em movimentos estudantis?
O Infocampus aproveitou a última edição do ano para ir atrás da opinião dos novos revolucionários da UFSM. O que pensam os recém-chegados que levaram a sua vontade de mudar tudo para a nova gestão do Diretório Central dos Estudantes (DCE)?
No último dia 10, a chapa 2, ‘Viração’, ganhou as eleições do DCE com 1.251 votos, o equivalente à 47,5% do total nas urnas (fonte: site da UFSM). O grupo, que é resultado de uma adaptação da chapa ‘Voz Ativa’ - que perdeu as eleições para a ‘Novo Rumo’ em 2007 -, ganhou novos membros esse ano.
Quase 20% do grupo é formado por estudantes dos primeiros semestres da UFSM, inclusive dos cursos técnicos. Isso sem contar quem ajudou do lado de fora. “Tivemos um grande número de apoiadores absolutamente novos e cheios de boa vontade, muitos que nem têm seu nome na nominata”, comenta Vítor Hugo dos Reis Costa, 22 anos, membro da Coordenação de Gênero e Diversidade da ‘Viração’.
Vítor está no 7° semestre de Filosofia, é um dos coordenadores do Diretório Acadêmico do curso e já participou do DCE antes, na gestão “Em Movimento”, de 2006. Mais experiente no assunto do que os bixos, ele acredita que os jovens que se envolvem no movimento estudantil não têm o perfil de revolucionários inconseqüentes. “São pessoas que entendem que isso não é levantar a bandeira da utopia e ir dormir com a consciência tranqüila depois. É (necessário) criar condições para que haja cada vez mais democracia e justiça dentro da Universidade e da sociedade”.
Para o estudante de filosofia, a mistura dos estudantes experientes com os novos membros na Chapa ‘Viração’ dissolve o risco de uma empolgação sem consistência por parte dos bixos. O desejo de transformação só é efetivado com uma boa dose de compreensão dos limites e das possibilidades. “Essa vontade de mudar o mundo é o combustível da transformação. A experiência faz com que esse combustível não queime ninguém por acidente”, comenta Vítor.
Para Alith Moura de Freitas, de apenas 17 anos, experiência é o que não falta. “Acredito que essa formação política deva começar na escola”, comenta a adolescente, que participa de movimentos estudantis em Santa Maria há 4 meses, desde que saiu de Giruá, no norte do estado, para fazer o curso Técnico em Jardinagem, do Colégio Politécnico da UFSM. Alith já participava da Diretoria da Casa do Estudante quando foi convidada para integrar também a Coordenação de Gênero e Diversidade da chapa ‘Viração’.
Ao contrário do seu companheiro Vítor, Alith acredita que há muita fragilidade no espírito revolucionário dos mais jovens. “Pelo que eu já vi, a maioria desiste fácil”, comenta. Para ela, a empolgação inicial de participar de um movimento estudantil pode passar quando não existe informação. “É fogo de palha mesmo. Muitos entram no movimento sem ter consciência do que realmente estão fazendo e se sentem perdidos”, justifica a estudante.
Antes de chegar aqui, Alith já havia se envolvido com Grêmios Estudantis e até com o MST. Mas ela admite ser uma exceção à regra, já que a maior parte dos adolescentes prefere passar longe de assuntos políticos. “A maioria ainda não vê com clareza em que sociedade vive e qual é o seu papel nela. Alienar o jovem é algo muito fácil e lucrativo”, lamenta.
Também aos 17 anos, Ana Lúcia Bighelini de Oliveira é a participante mais nova da ‘Viração’. Estudante do primeiro semestre de Filosofia, ela agora integra a Coordenação de Relacionamento com o Movimento Secundarista. “Acho legal (a participação dos bixos) por trazer as novas vontades e necessidades dos estudantes. O movimento tem de ser renovado e assim se tornar completo, com ideologias dos mais novos e experiência dos que estão há mais tempo”, comenta Ana Lúcia.
A estudante concorda que a motivação para participar de movimentos estudantis pode passar. Segundo ela, “alguns alunos entram cheios de ideologia, mas isso acaba sendo apagado por eles mesmos ou por situações”.
Uma dessas situações que Ana aponta é a ambientação com o curso. Ela pode desmotivar o estudante ou afastá-lo dos movimentos por tomar muito tempo da sua vida. “Dependendo do aluno, o curso pode colocá-lo para baixo, pode acabar mudando suas vontades políticas”, comenta. Ela afirma que, para que isso não aconteça, é necessário que os adolescentes entrem na Universidade com essa vontade bem forte e estruturada.
A chapa ‘Viração’ toma posse do DCE da UFSM no dia 18 de agosto. Infelizmente, a nossa equipe não vai poder comentar no Infocampus os feitos dos bixos revolucionários que estão prestes a integrar o Diretório. Então, deixamos essa luta para os nossos bixos, revolucionários ou não, que assumirão o webjornal no início do ano que vem.
Confira algumas propostas da Chapa ‘Viração’
Luísa Dalcin – luh.dalcin@gmail.com
5° semestre/jornalismo
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