O Guardião do Jardim  Alberi cuida das plantas e recebe os visitantes do Jardim Botânico com carinho.
Foto: Claudia Lawisch
O Jardim Botânico da UFSM é um dos lugares que não costumam receber a visita dos acadêmicos do campus, geralmente atarefados com os trabalhos de faculdade. O espaço, porém, recebe freqüentemente alunos de escolas. Esses visitantes têm a possibilidade de conhecer Alberi da Silva, 43 anos, funcionário que recebe todos com alegria e espontaneidade.
Alberi é natural de Cachoeira do Sul, mas mora em Santa Maria há muitos anos. A viagem de passeio transformou-se em estada definitiva quando ele conheceu uma jovem e se apaixonou. Posteriormente, eles casaram e escolheram a cidade para morar.
As dificuldades nunca assustaram o funcionário, que começou a trabalhar com sete anos e se orgulha de sempre ter ajudado seus pais. Após alguns empregos, surgiu uma oportunidade na UFSM: era um serviço breve no Centro de Eventos. Pouco tempo depois, em 1993, Alberi começou a trabalhar no Jardim Botânico, onde está até hoje.
Nos primeiros anos, era muito difícil chegar até o Jardim Botânico. Alberi saía de casa de madrugada para não chegar ao serviço atrasado: “saía de casa às 4h da manhã. Eu não tinha bicicleta, então eu vinha sempre a pé, e era sempre um dos primeiros a chegar.” Hoje, ele mora em São Geraldo com a esposa e cinco filhos, e sai todos os dias às 7h da manhã de bicicleta para vir à Universidade.
Segundo o funcionário, a UFSM é um dos melhores lugares para trabalhar. “Aqui eu pude dar amor a esse serviço, ver o que é preservar a natureza. Agora eu aprendi a gostar das árvores como da minha família.” Além de receber os visitantes, também é responsabilidade de quem trabalha no Jardim Botânico a poda, a manutenção e o cuidado da terra. Alberi considera muito importante gostar do que faz, pois “muitos gostam do emprego, mas não do serviço”.
Apesar de gostar de todas as plantas do Jardim Botânico, Alberi tem um apreço especial pelas medicinais. A estima por essas plantas curativas ele conheceu em casa, com os pais. Desde pequeno, aprendeu quais deveriam ser utilizadas para curar doenças. É com dedicação que, hoje, ele cuida dos canteiros de plantas medicinais, como funcho, macela e melissa.
Alberi gosta do trabalho no Jardim Botânico não só pelo prazer de cuidar das plantas, mas também pela possibilidade de receber as pessoas que vem conhecer o local. “Eu já acostumei a lidar com o público, eu gosto dos dois, eu gosto de conversar, tem várias brincadeiras que fazemos com o pessoal. Também tem planta que a gente plantou e viu crescer.”
Quando ele começou a trabalhar no Jardim Botânico, era possível enxergar o açude dali. Hoje, existem muitas árvores plantadas por ele que impedem a visão do lago. “Nós acompanhamos o crescimento das arvores. É a mesma coisa que assistir ao crescimento do filho da gente”.
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