Grupo torna ensino da física mais acessível para os estudantes de Ensino Médio e Graduação O professor Décio Auler é o coordenador o projeto.
Foto: Maurício Sena
O que passa pela sua cabeça ao ouvir a palavra física? É isso mesmo, aquela velha matéria com linguagem indecifrável e modelos matemáticos abstratos, que faz todos os alunos do Ensino Médio perder o sono antes de cada prova.
Mas quais são as iniciativas para mudar essa visão sobre a disciplina? Você acredita que só vai usá-la se um dia quiser se tornar professor?
Na verdade, um grupo de alunos do curso de Física da UFSM, supervisionados pelo Prof. Dr. Décio Auler - formado em física e doutorado pela UFSC em Ensino de Ciências Naturais - trabalha com a pesquisa de métodos pedagógicos que transforme a visão dos futuros educadores.
O grupo é formado por sete alunos matriculados na disciplina de estágio supervisionado no ensino de física, três voluntários, um mestrando e um aluno da iniciação científica.
Alguns temas que são abordados pelo grupo tratam de assuntos polêmicos e de interesse coletivo como os modelos de transporte e suas implicações sócio-ambientais e o aquecimento global.
Para responder a questão central do texto, o professor faz uma pergunta: “aprender física é mais difícil que aprender artes? [Física] Não se aprende, se pratica. O problema é que a concepção hegemônica no ensino da física não é de formar cidadãos, mas sim formar cientistas [...] priorizando modelos matemáticos altamente elaborados que talvez não sejam necessários para a compreensão de um fenômeno”.
Outros pontos apresentados pelo professor são de que existe uma visão elitista de achar que na física a maioria reprova. Também se tem a questão curricular em que, segundo o professor, a maioria do conteúdo é referente a descobertas com mais de 150 anos, e que pouco existe da chamada física contemporânea, por exemplo, o funcionamento de lâmpadas fluorescentes e a formação de imagens coloridas na TV - que são situações mais comuns à vida do jovem.
Defendendo o movimento ciência-tecnologia-sociedade (CTS), no qual “a ciência e a tecnologia não são neutras, mas envolvem processos sociais, elas repercutem sobre a sociedade e também a sociedade no avanço dessa ou de outra tecnologia”.
O movimento CTS também questiona as decisões tecnocráticas, defendendo a democratização de processos decisórios, ou seja, nas palavras do Prof. Décio, “você tem um movimento social fortemente unido à ciência e à tecnologia e esse tema social não pode ficar restrito a técnicos, exemplo a questão do ‘florestamento’ na metade sul, que também envolve processos sociais e políticos”.
No campo educacional, existem três iniciativas que norteiam a atuação do grupo: superar a fragmentação disciplinar, trabalhar com uma estrutura curricular a partir de temas e motivar os estudantes da Graduação e do Ensino Médio a participar desses processos decisórios.
Sob a perspectiva que os temas sociais atuais não são isolados e devem ser tratados de forma mais interdisciplinar, o professor explica que “temas como a clonagem são temas complexos cuja compreensão requer vários olhares, vários conhecimentos. Não é uma disciplina que vai dar o entendimento desse tema, então é isso que nós tentamos fazer dentro do grupo”.
O professor salienta que essas iniciativas não abrem mão do conhecimento disciplinar da física, que é indispensável, mas que são trabalhados na perspectiva de outros tipos de conhecimento.
Maurício Sena - mauricio_sena_2@msn.com
5° semestre/jornalismo
8/7/2008
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