Percursos e Percalços da Fama

A estrada para o sucesso pode ser um longo e tortuoso caminho. Quando se trata de duas bandas de rock`n`roll, esse trajeto pode incluir muitas drogas, egos inflados, crises de loucura e discussões. É o que a diretora Ondi Timoner tenta mostrar em seu documentário de 2004, DiG!.

Brian Jonestown Massacre (BJM) é a banda de São Francisco, liderada por Anton Newcombe. O nome do conjunto vem de Brian Jones, ex-guitarrista dos Rolling Stones, e de Jim Jones, religioso que se suicidou com parte de seus seguidores nos anos 70. Dandy Warhols (DW) é a banda de Courtney Taylor, formada na cidade de Oregon, e que traz no nome uma homenagem ao artista pop Andy Warhol.

Amigos de longa data, os dois músicos apareciam juntos em festas e se apresentavam em shows conjuntos. As filmagens começaram em 1996, seis anos depois da formação da BJM e quatro anos depois da formação da DW. Nessa época, as bandas ainda gravavam e excursionavam juntas. Entretanto, com o convívio prolongado começaram a surgir conflitos. Nessa época, havia uma clara disputa entre egos e começaram a surgir músicas provocativas, como Not if you Were the Last Dandy on Earth.

A BJM é uma banda produtiva com um líder um tanto excêntrico. Newcombe aparece logo na primeira cena de maneira explosiva: "Eu vou destruir este sistema fodido. Eu vou fazer isso. É por isso que eu tenho este emprego". Já os Wahrols parecem muito mais conscientes do papel de uma banda no cenário pop. Depois de assinarem um contrato com a gravadora Capitol em 1997, a banda experimenta um relativo sucesso, que parece abalar ainda mais a convivência entre as antigas parceiras de palco.

Newcombe, pelo contrário, parece renegar o sucesso: "Eu não sou contra as pessoas ganharem dinheiro. Só acho que isso é uma máfia de merda". É sintomático disso que a primeira turnê nacional de Newcombe só tenha saído quando Courtney já tinha alguns sucessos nas paradas alternativas e que um show dessa turnê tenha sido para uma platéia de apenas dez pessoas.

Entretanto, nas apresentações ao vivo do documentário, nota-se as belíssimas composições do músico californiano, que segundo o próprio Courtney "é um dos compositores mais geniais que eu já vi". As declarações do ex-amigo não servem para deixar as relações como eram anteriormente ou para dar um tom de imparcialidade para o documentário, que é uma extração de 1.500 horas de filmagens.

Newcombe aparece drogado em boa parte dos 107 minutos da produção. Ele é retratado como um músico arrogante, que profere discursos egocêntricos, quebra guitarras, ameaça a platéia e agride fisicamente alguns dos mais de 40 integrantes que já passaram pela banda. A narração, feita por Courtney, também serve para mostrar apenas um lado: o seu, vencedor, de quem soube lidar com o sucesso, vendeu discos, fez shows e tocou em grandes festivais. Já Newcombe aparece como um gênio "desajustado", que fez grandes canções, mas que mesmo depois de 12 anos de carreira ainda podia levar laranjadas em cima do palco.

De fato, era mais ou menos essa a situação dos dois quando o filme foi lançado em 2004. Quatro anos depois, Anton Newcombe está feliz com o aclamado disco Just like Kicking Jesus. Enquanto isso, a Dandy Warhols amarga as críticas negativas do que talvez seja seu pior disco, Earth to The Dandy Warhols. Ondi Timoner, que na época ganhou prêmio no Festival Sundance, já lançou mais três produções.

Confira o vídeo da música Just like Kicking Jesus do álbum homônimo da Brian Jonestown Massacre

Confira o vídeo da música Bohemian Like You, maior hit dos Dandy Warhols

Diogo Figueiredo – diogorf@gmail.com
5° semestre/jornalismo
17/6/2008

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