“Conquistar uma imagem leva muito tempo”

Reitor Clóvis Lima: "A questão da Operação Rodin foi um episódio específico".
Foto: Lucas Faustino

Mais de seis meses após a descoberta da fraude envolvendo a Fundação de Apoio à Tecnologia e à Ciência (FATEC, hoje FATECIENS) credenciada pela UFSM, o caso continua tendo influência sobre a Universidade. O reitor da UFSM, professor Clóvis Lima, fala com exclusividade para o Infocampus da atual situação e das conseqüências do escândalo para a Universidade e para a Fundação.

InfoCampus: O que a fundação representa para a UFSM?

Reitor: As fundações de apoio são instituições privadas, sem fins lucrativos, que são credenciadas pelo Conselho Universitário para prestar serviços para a instituição naquilo que são os objetivos da Universidade: ensino pesquisa e extensão, e desenvolvimento institucional. Hoje, a FATECIENS representa uma maneira de agilizar determinados processos relacionados aos objetivos da instituição e com isso, dentro da atual realidade, é necessária às atividades ligadas ao crescimento da nossa instituição como das outras também. As fundações de apoio seriam desnecessárias se as universidades federais tivessem autonomia administrativa e financeira.

I: Qual a participação da UFSM no que se refere à composição da estrutura base da Fundação? Os cargos são definidos por indicação?

R: A universidade participa de maneira substancial na composição do Conselho Superior da Fundação. Isso, inclusive, é uma vigência do próprio Ministério da Educação (MEC), por uma portaria que estabelece que um terço dos membros da Fundação deva ser originado ou indicado pela instituição. De acordo com o estatuto da FATECIENS, fazem parte do Conselho Superior todos os Diretores de Centro, os Pró-Reitores de Planejamento, de Administração, de Extensão e de Pós-Graduação e Pesquisa, e um representante da Administração Central, que hoje é o vice-reitor Felipe Müller. Essas pessoas representantes da instituição e mais três da comunidade externa fazem parte do conselho que elege a Diretoria Executiva: o Diretor Presidente, o Diretor Administrativo e o Diretor Financeiro.

I: A UFSM continua dependendo da Fundação no que se refere à agilização das relações da Universidade com a sociedade?

R: Com certeza. Muitos projetos, contratos, convênios, inclusive aqueles de cunho social, só podem ser realizados com a participação da Fundação. Alguns órgãos de fomento, inclusive, solicitam, estabelecem a necessidade de que a execução seja feita através das fundações de apoio.

I: O que mudou na relação Fundação-UFSM após o caso descoberto pela Operação Rodin?

R: A questão da Operação Rodin foi um episódio específico. Foi uma situação única na vida da Universidade Federal de Santa Maria. Quero dizer que no projeto Trabalhando pela Vida, dentro do qual está o projeto Detran da execução das carteiras de habilitação, tecnicamente, não existiu nenhum reparo. O que aconteceu foi o desvio de recursos públicos feito, infelizmente, por pessoas da UFSM e da própria FATEC. Isso foi um episódio que lamentamos e que realmente prejudicou a imagem da Universidade. Entretanto, a meu ver, as instituições têm de ser preservadas. Nós passamos por aqui e as instituições permanecem. Não foi a UFSM, não foi a FATEC, enfim, que fizeram isso. Foram algumas pessoas que procederam de maneira inadequada prejudicando a imagem da instituição.

I: Qual avaliação o Senhor faz da atual situação da Fundação em termos de credibilidade, organização, fiscalização das licitações?

R: Depois do acontecido, o conselho superior da FATEC tomou providências no sentido de afastar da direção da época as pessoas envolvidas. Uma nova eleição foi realizada dentro do Conselho Superior, elegendo nova direção executiva que começou a agir no sentido de auditorias, de levantamento dos fatos e de enxugamento de custos da própria Fundação. Evidentemente, houve prejuízo na imagem tanto da Fundação como também da Universidade Federal de Santa Maria. Até porque a sociedade não estava muito esclarecida e sempre aparecia fundação da Universidade, quando na verdade a FATEC é uma instituição privada, que tem sua autonomia, sua direção, embora com representantes da UFSM dentro do Conselho Superior. Mas é apenas uma Fundação de apoio credenciada pela Universidade, assim como uma outra fundação que também está credenciada, que é a Fundação Educacional e Cultural para o Desenvolvimento e o Aperfeiçoamento da Educação e da Cultura (Fundae). Então, o trabalho está sendo realizado de maneira a fazer com que tudo o que diz respeito à Fundação fique mais claro, que a sociedade volte a acreditar que são instituições sérias, que estão aí não para usar a UFSM, mas para ajudar e para prestar serviços à instituição.

I: Essa seria então a maior importância de se recuperar a imagem da Fundação?

R: Não resta a menor dúvida. É uma fundação de apoio, uma instituição privada, sem fins lucrativos, que deve servir à universidade e não da universidade, que é onde algumas pessoas fazem confusão.

I: Em entrevista para um veículo da cidade, o Senhor afirmou que havia o receio de que as denúncias pudessem determinar um prejuízo irreversível para a Fundação e que se não fossem tomadas providências ela teria quebrado. Quais foram essas providências?

R: É bom esclarecer que eu disse que, se nós não tivéssemos tomado providências com a finalidade de retirar a Universidade do esquema, teríamos mais tarde uma situação quase irreversível em relação à Fundação. Foi isso que me levou inclusive a concorrer ao cargo de reitor e, uma vez eleito, a tomar as providências no sentido de que a UFSM não poderia mais ser usada para esses fins. Então, a questão da tomada de providências foi nesse sentido. Para mim, pelo menos, eu tinha certeza absoluta de que se isso continuasse teríamos adiante uma situação irreversível.

“A atitude reservada sempre fez parte da minha maneira de atuar”


Indícios da existência do esquema

“Qualquer instituição é resultado do trabalho de todos que fazem parte dela”



Lucas Faustino – lucasfaustino@gmail.com
5º semestre/jornalismo
17/6/2008






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