Fulgor e Morte de Joaquin Murieta  O escritor chileno Pablo Neruda (1904-1973) foi sem dúvida uma das maiores expressões da poesia mundial. O livro Fulgor e Morte de Joaquín Murieta nos traz a história deste ‘herói ladrão’, domador de cavalos e mineiro chileno. Junto com milhares de compatriotas, sai da cidade de Valparaíso e vai para a Califórnia durante a corrida do ouro no final do século XIX. O texto trata o personagem Joaquín Murieta como chileno, apesar de ainda existirem dúvidas quanto a sua nacionalidade.
A promessa de riqueza e aventura, com a descoberta dessas jazidas, transforma o estado americano, em especial a cidade de São Francisco, numa verdadeira Torre de Babel. Chilenos, mexicanos, irlandeses e chineses saem de seus países em busca da riqueza.
Entre os personagens que se destacam nessa obra de Neruda, encontra-se Três Dedos, um mineiro acostumado com o trabalho do garimpo e que era como um tio para Joaquín. Animado pelos rumores sobre as montanhas de ouro que existiam na América, vende os seus pertences no Chile para acompanhar o amigo. Também se destaca na narrativa o personagem Reyes, um funcionário público, que trabalha na alfândega. Após conhecer Três Dedos, ele atira os papéis de sua mesa para o alto e embarca para a viagem, cena que mostra a febre que atingia os chilenos.
Joaquín conhece Teresa durante a viagem e se casa com a camponesa no navio, fato que ilustra a personalidade impulsiva do herói. O amor durante a viagem foi arrebatador e a chegada à Califórnia dava-lhes esperança de uma vida melhor.
No meio daquela mistura de línguas e costumes, logo começam os desentendimentos e conflitos raciais. Os Rangers, grupo que pregava a superioridade branca, tentavam expulsar os “chicos” dos Estados Unidos. Durante um ataque dos Rangers, no qual os latinos acabaram levando a melhor, ocorre a invasão da casa dos mineiros chilenos, e a esposa de Joaquín é assassinada.
Em uma cruzada contra o grupo racista, em nome da vingança, o ‘herói ladrão’ e seu bando começam uma guerrilha. O confronto persiste por um ano, encerrando-se após a captura de Joaquín na emboscada que aconteceu sob o túmulo de sua amada Teresa. Joaquín foi então decapitado e sua cabeça exposta como um troféu, espetáculo que serviu para enriquecer os mentores da emboscada. Para estes, era o fim do homem mais perigoso da Califórnia, que roubava e incendiava a casa dos colonos ianques.
Nesse livro, podemos conhecer o lado político de Neruda, desde o combate direto até o exílio. O homem ‘subdesenvolvidinho’ é enganado pelo ‘cavaleiro astuto’ e, quando tenta recuperar o que é seu, morre crivado de balas.
Uma das curiosidades é que essa peça teatral foi escrita por Pablo Neruda quando tinha 16 anos. Logo depois, ele divide os diálogos, dá vida aos muitos personagens, e faz a descrição dos quadros, mostrando o seu lado teatrólogo.
Maurício Sena – mauricio_sena_2@msn.com
5º semestre/jornalismo
10/6/2008
Edições Anteriores
Monstros: a dor e a alegria de um são a dor e a alegria de todos
O fenômeno In Rainbows, do Radiohead, na Internet
"Nascidos em Bordéis" : emocionante e surpreendente
Conheça a obra "Surplus"
"Diretas Já!" : O humor na luta pela Democracia
Saiba mais sobre o filme "A Queda! - As Últimas Horas de Hitler"
|