A fama do anonimato  No palco do Teatro Caixa Preta, Edu acompanha os alunos da Oficina.
Foto: Divulgação
Ao nos aproximarmos da casa simples de tijolo à vista, podemos ouvir os primeiros batuques. Passo a passo, a música se intensifica. Dentro da sala, meninos e meninas, de 6 a 17 anos, uma percussão e à frente Eduardo Guedes Pacheco, 40, ou simplesmente Edu. Músico formando pela UFSM, ele dá aulas na Associação Cultura, Inclusão, Cidadania e Artes (CUICA), na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e na Universidade de Cruz Alta (Unicruz).
Seja nas estradas de chão, asfalto ou nas estradas da vida, o caminho que percorreu para chegar até aqui foi longo, mas sempre embalado por algum batuque que seja. Ele sempre foi músico, e isso quem conhece o mercado musical sabe que não é nada fácil.
Porém, vendo-o assim, brincos nas orelhas, sempre de touca, estilo de menino, não dá para imaginá-lo fazendo outra coisa. Nem ele pensou nisso. A única coisa que iniciou longe de acordes e notas foi o curso de Sociologia, na Pontífica Universidade Católica de Porto Alegre (PUC-RS). O curso foi abandonado tão logo percebeu que teria que parar de tocar.
“3, 4... 3, 4”, Edu pronuncia sem cessar, paciente, vez ou outra interrompendo a aula para chamar a atenção de algum aluno relapso. Depois do “4”, a música começa. É assim há anos, não importa o estilo – de Mozart a Gilberto Gil.
Ele nasceu em Porto Alegre, numa família contagiada pelo mesmo espírito que o move. Foram os parentes, quando Edu estava com cerca de 12 anos, que fundaram a tradicional escola de samba Unidos da Vila IAPI.
Num dos primeiros carnavais da Escola, Edu teve o contato inicial com a percussão. Foi paixão ao primeiro toque. Já sabia tocar violão, que aprendeu com nove anos, e depois da percussão ainda vieram a flauta doce e o cavaquinho. Até mesmo o próprio corpo transforma-se em arte, com algumas batidas ritmadas e o som que consegue fazer com a boca. Foi misturando o som do corpo e de alguns destes instrumentos que Edu viveu um dos melhores momentos da carreira.
No palco de uma formatura de dança, Edu misturou o pandeiro, o Cajon - uma espécie de caixa de madeira – e o corpo. Mal terminou a apresentação, encarou, surpreso, a platéia em pé, o aplaudindo.
Música: projeto de vida
Géssica Valentini - gessicavalentini@yahoo.com.br
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