Contabilizando sonhos José Everton Rossini, 38, ou simplesmente Zé Everton, músico formando pela UFSM, coordena a Associação Cultura, Inclusão, Cidadania e Artes (CUICA).
Quem olha para o teto da casa que serve de sede à associação, as telhas no lugar, a fachada pintada e bem cuidada, não imagina que há pouco mais de três anos, em 2005, chovia tanto fora quanto dentro, as instalações elétricas estavam danificadas e as salas não eram nem de perto o que são hoje. Mais do que isso, as mudanças não são somente físicas. Meninas sapateiam, meninos batem o pé, mas é no ritmo da música, diferente das possibilidades de futuro que teriam longe da arte ou de alguma atividade que os fizesse sentir parte do mundo. “A Cuíca é um grupo de pessoas que estão se organizando para interferir no nosso mundo fazendo arte”.
Ele formou-se em música, bacharelado em percussão, em 2001 e desde então faz arte, “algo extremamente difícil e ao mesmo tempo muito prazeroso”.
Contrariando os milhares de brasileiros que estudam obstinadamente para conseguir a segurança e a estabilidade que trabalhar em um Banco oferece, Zé Everton pediu demissão do trabalho no Banco Real, após 12 anos. No último semestre da faculdade, percebeu que o trabalho como bancário era incompatível com a profissão de músico e teve que fazer a opção. Optou pela vida dura, pelo menos inicial, da rotina de quem trabalha entre notas e instrumentos musicais. “Teve noites que eu fiz um happy hour de MPB, fiz show de música gaúcha, depois, na mesma noite, toquei com uma banda de rock. Então, eu tinha que programar o cérebro para as situações diferentes, mas era o único jeito de me manter”.
Se for música, pouco importa o ritmo. Preferências a parte, já tocou, entre outras, na Banda Armação, de música pop, Os Watts, de rock e blues, Grupo Raízes, gauchesco, Misto Quente, de música instrumental, e Pedrada, de samba. Depois disso, aos poucos conseguiu por em prática os sonhos que surgiram durante a Universidade.
Em 1998, Zé Everton participou do Encontro Latino Americano de Percussão. Lá conheceu o Pracatum, da escola de percussão do Carlinhos Brown, um representante dos Meninos do Morumbi, do Bate Lata, de SP, e do Batecum, da Bahia, que relataram as ações desenvolvidas nas comunidades. “Eu me identifiquei muito e naquele momento me convenci de que aquele era o lance da minha vida”.
Com a ajuda dos demais integrantes da banda Watts, ele elaborou um projeto chamado “Fazendo Arte e Solidariedade”, que foi desenvolvido na escola Vicente Farencena. “Isso despertou em mim uma idéia que eu já vinha desenvolvendo, de realizar um projeto social que se utilizasse de música e percussão, envolvendo as escolas de Santa Maria”. Depois, elaborou um projeto e apresentou à Lei de Incentivo à Cultura, em que colocava os instrumentos no carro e ia para as aulas nas escolas. Depois a própria casa servia de espaço para ensaio, até que alugou outra casa, no nome da esposa, para servir de sede do projeto.
“Aí entrou a mão de Deus”. Foram procurados por professoras de dança, técnica vocal, pelo professor Eduardo Guedes Pacheco, o Edu, e outras pessoas da comunidade. Começava a Cuíca, que já atendeu mais de 250 crianças de escolas públicas do bairro Camobi, contribuindo para formar cidadãos e, porque não, artistas da vida.
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Géssica Valentini - gessicavalentini@yahoo.com.br
7º semestre/jornalismo
17/6/2008
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