Os passageiros e suas lembrançasO acadêmico de Química Industrial, Yuri Sokolovicz, lembra que na Praça João Pedro Menna Barreto - conhecida como Praça dos Bombeiros – os estudantes fazem fila para embarcar. Esta peculiaridade não é comum em outras paradas. De acordo com o acadêmico, nesse local há também um senhor que faz companhia aos estudantes enquanto esperam o ônibus. “Às vezes ele aparece bêbado e grita algumas palavras amáveis”, brinca Yuri.
A questão da lotação dos ônibus, em alguns horários, foi citada por quase todos os entrevistados. Uma acadêmica de Letras, que pediu para não ser identificada, afirma: “ônibus lotado não é bom nem neste frio. Pior ainda é no verão, quando certos odores tomam conta do ambiente”.
A mesma estudante lembra ainda de outro comportamento comum entre os passageiros: carregar o material de quem está de pé. Apesar de não ser regra, o ato é facilmente observável nas idas e vindas da Universidade. Ela disse que na sua cidade, Rosário do Sul, essa prática não é comum. “Provavelmente esta será uma coisa que nunca esquecerei deste período na UFSM”, completa a acadêmica.
Um acontecimento freqüente entre acadêmicos e também algumas pessoas que vão ao Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) é embarcar em ônibus errados por engano.
Os funcionários da portaria do HUSM afirmam que, às vezes, alguns pacientes requisitam auxílio para descobrir em qual ônibus embarcar. “Sou de Santa Maria, por isso nunca tive problema, mas bem que podiam colocar aqui uma plaquinha com todos os horários”, disse a dona Elvira Mainardi na parada em frente ao hospital.
Uma estudante de filosofia afirma que já pegou o Universidade Circular sem querer. “Estava escrito Universidade na parte de cima do ônibus, daí eu entrei. Achei que o ônibus ia para o centro”. Ela desceu na parada mais próxima de sua casa após pedir informação para uma passageira que estava ao seu lado. “Não me assustei”, disse a estudante, “só tive que ir a pé o resto do caminho”.
Os cobradores da linha Universidade Circular desenvolveram um sistema prático para alertar os desavisados que não prestam atenção na placa na lateral do ônibus. O sistema consiste em pôr a cabeça para a fora da janela e gritar ‘Circulaaarr’.
Outra entrevistada, uma acadêmica que depende do T.Neves/Campus, disse que “é complicado descer na faixa. Sempre tem um tarado perguntando se você não quer subir no carro dele”. A estudante afirma que histórias parecidas acontecem a qualquer hora do dia.
Esses relatos mostram o quanto a freqüente viagem de ida e volta à universidade é – diferentemente do que parece – uma maneira de observar aquilo que normalmente as pessoas não têm tempo ou vontade de analisar, seja por trabalho, provas ou quaisquer outras tarefas.
Para finalizar, quando os últimos depoimentos de passageiros foram recolhidos, e o repórter se encontrava no ônibus voltando para casa, a dona Elvira Mainardi ainda esperava, no frio, a chegada do seu T.Neves/Campus.
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Jorge Robespierre Tomás Japur – jorgejapur@yahoo.com.br
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03/6/2008 Edições Anteriores
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