Do berro do boi ao berra-boi no piscar de uma metáfora Pedro Ribas e Pirisca Grecco apresentando a música que seria a vencedora da Califórnia da Canção Nativa em 2005.
Foto: Divulgação
Pedro Olmedo Ribas, 33 anos, é marido, pai, agrônomo, apaixonado por cavalos, cantor e compositor, gerente da empresa da família e instrutor de capoeira. Formado em Agronomia pela UFSM no ano de 1998, nasceu e morou até os 30 anos no campo, em uma localidade chamada Arenal, localizada entre Santa Maria e São Sepé.
Começou a ter contato com a música nos anos 1980, por influência do irmão mais velho, baterista da banda Acesso Secundário. Com 15 anos, Pedro tinha a própria banda, a Lady Laura: “uma banda meio irreverente, que tocava uns covers. Era uma banda que tinha o intuito de ser divertida, a gente se disfarçava. Teve uma apresentação que a gente fez no Avenida Tênis Clube e eu entrei de borboleta no palco”.
Quando acabou a Lady Laura, montou a banda Gorda Ilíada, que duraria 8 anos. “Era uma banda considerada ‘escrachada’, que atirava fruta para o público, tinha ambientes no palco, o público participava muito da apresentação”. Além disso, quando se reuniam para ensaiar, não era com o objetivo de tirar arranjos, e sim de criá-los em cima de músicas já existentes.
Depois da Gorda Ilíada, surgiu a oportunidade de fazer um trabalho com samba. Zinho, contramestre de capoeira, convidou Pedro para cantar na Escola de Samba Barão de Itararé. No próximo carnaval, saiu puxando o samba-enredo ao lado de Zinho.
Desse envolvimento com o carnaval saiu a banda Feijão Maravilha, “só com a moçada da gema, do samba”. A banda surgiu com a proposta pra trabalhar no bar Café Brasil, que queria fazer uma roda de samba. Acabaram criando uma festa que acontecia todos os domingos.
A festa começava com uma roda de samba. Depois, a Feijão Maravilha fazia um show que apresentava músicas de Moreira da Silva, Bezerra da Silva, Fundo de Quintal, Beth Carvalho, “só samba daqueles mais da antiga” e uns sambas próprios. Em seguida, entrava uma banda chamada Pagode Sincero, que tocavam músicas com mais swing e que todo mundo conhecia e gostava.
Quando terminou a Feijão Maravilha, Pedro percebeu que era do samba, mas não só dele: “eu quero cantar rap, quero dizer verso campeiro em forma de rap”. Com umas idéias assim, formou a Pedrada, uma banda de música regional brasileira. Com quatro percursionistas e um acordeonista (Elias Rezende, que hoje toca com Zezé Di Camargo & Luciano, as referências eram Lenine e Pedro Luís e a Parede.
As apresentações da Pedrada também eram marcadas pela irreverência: “a gente botava uns tocheiros no palco e botava fogo. Eu trazia um monte de caveiras lá de fora, era um clima meio de nordeste e pampa”. Foi através da Pedrada que Pedro Ribas conheceu Pirisca Grecco.
Quando a Pedrada estava acabando, uma outra porta se abria: a dos festivais. Ao invés de se reunir e tocar música dos outros, como era com as bandas, esse pessoal se reúne e de repente começa a compor. Hoje em dia, “a moçada meio de campanha se reúne num modelo de festival que foi copiado da Barranca, que é um festival fechado de composição que acontece na Páscoa”.
Nesses festivais vão só pessoas convidadas, que “pagam um tanto pra fazer o rateio da comida e da bebida que é à vontade naquele final de semana. Não pode ir mulher para não desvirtuar o movimento e eles dão um tema e todo mundo se vai ao mato ou ‘eu me junto contigo ou não me junto com ninguém’”.
Em um final de semana, quando ocorre um festival fechado de composição, saem de 30 a 40 músicas novas. “Algumas vão pra festival depois, outras não vão a lugar nenhum”, mas é feito tudo o que couber dentro daquele tema, que é dissecado por diferentes músicos, cada um com um enfoque, uma referência.
Califórnia da Canção Nativa
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A paixão por cavalos
A capoeira
Karina Aurora Dacol – karinaurora@yahoo.com.br
5º semestre/jornalismo
10/6/2008
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