Criatividade e diversidade caracterizam as festas dos cursos da UFSM Faixas divulgando festas dos cursos se sobrepõem à outras divulgações, como as eleições do DCE.
Foto: Luísa Dalcin
Quinta-feira, 5 de junho, meio-dia e dez. Em frente ao Restaurante Universitário, um carro tocando uma música dance difícil de ignorar estaciona em meio à crescente fila do almoço. Ao redor do veículo, usando camisetas roxas, futuros engenheiros seguram a faixa que convida para ´Private´, a festa eletrônica do curso na Ballare.
Enquanto isso, ao som de músicas gaúchas, passa uma caravana de acadêmicos trajando bombacha e chapéu, entoando seus sapucais (´grito´ em guarani - aqueles urros de peão emocionado!), seguidos de caminhonetes que buzinam desenfreadamente. São futuros zootecnistas, usando camisetas verde limão, que tentam abafar o som eletrônico e divulgar a 1ª Reculuta da Zootecnia.
Ao mesmo tempo, timidamente, acadêmicos dos cursos de Letras e Filosofia entregam pequenos folders de papel, tentando divulgar a festa Interlínguas, com animação da banda Sambalaço no NaBroka Acústico.
Parece anormal, mas essa corrida dos cursos para divulgar as suas festas já virou rotina, principalmente na hora do almoço. Buzinas, música alta e inúmeras faixas, competindo por espaço com a divulgação de alguma semana acadêmica ou das eleições do DCE, são comuns diariamente.
Isso tudo deixa evidente - além do desespero por aumentar o caixa da formatura - a diferença de estilo dos cursos da UFSM. Os mais distintos ritmos, trajes e estilos musicais caracterizam as festas divulgadas por cada Centro. As mais conhecidas são as do Centro de Ciências Rurais (os consagrados churrascos da Veterinária e da Agronomia) e as do Centro de Ciências da Saúde (as festas tradicionais da Odontologia, Medicina e Farmácia).
Mas não é só a tradição e a gritaria na hora do almoço que atraem o público. Os acadêmicos sempre dão um jeito de dar temas e nomes criativos para as suas festas. Uma das últimas a ter um nome bem curioso foi entitulada 1º Batataço da Agronomia. A festa, que aconteceu no Parque de Exposições da UFSM no início de maio, teve animação da banda Estrela Azul. O nome surgiu do apelido dado aos futuros agrônomos, que são conhecidos na Universidade como ´batateiros´.
A acadêmica do 7° semestre da Agronomia (responsável pela organização), Marília Milani, explica que o nome da festa causou mais risada do que confusão, pois o tema ficou engraçado. “Muitas (pessoas) não sabem deste nosso apelido”, comenta, “e quando ficavam sabendo da festa sempre perguntavam o porquê do nome e se teria batata”. Mas teve batata sim, frita e crua. Para quê a crua? Marília explica: “tinha uma brincadeira que fizemos, um tiro ao alvo - mas o que as pessoas usavam para arremessar era batata. O prêmio era uma bombacha”.
Mudando da música gaúcha para o pagode (mas mantendo os títulos pouco convencionais), a Ballare recebe, na próxima sexta-feira 13, a Festa da Porca e do Parafuso, com a banda Conversa Fora. A festa tem organização dos acadêmicos do 7° semestre de Comunicação Social e do 5° semestre de Administração. Na entrada, até a 1h da manhã, os homens ganham um parafuso e as mulheres, uma porca. Objetivo da festa: aparafusar a porca perfeitamente. E o prêmio para os 20 primeiros casais que conseguirem esse encaixe é, lógico, pago em cervejas.
A acadêmica de jornalismo Caroline Pandolfo explica que a falta de tradição do curso de Comunicação Social foi uma preocupação dos organizadores. “Acredito que o tema da festa é o nosso grande aliado contra isso, por ser engraçado, divertido e diferente. E nós poderemos mostrar que sabemos fazer festas tão boas quanto as tradicionais dos cursos das Ciências Rurais e da Saúde”, comenta Caroline.
Primeiramente, a estudante disse que os organizadores não pretendiam fazer carreatas para divulgar a festa, como é comum na divulgação de outros cursos. Em um segundo encontro, comentou que sua turma mudou de idéia. “É uma forma de descentralizar a campanha da frente do Restaurante Universitário”, justifica.
Alguns interessados em encontrar uma porca compatível entraram no espírito da festa. Caroline recebeu no Orkut um recado de um desconhecido, que disse estar “desparafusando tudo em casa para levar um ‘bando’ de parafusos extras”, para achar mais facilmente uma porca que combine. “Isso reflete que estamos conseguindo o que queríamos e a idéia da campanha está dando certo”, conclui a estudante.
E é em função da busca pelas campanhas que dão certo que a divulgação chamativa dos cursos no Campus vai continuar, seja com faixas ou folders, cavalos ou carros, pagode ou arrasta-pé. Poucas horas antes do fechamento desta edição do Infocampus, terça-feira, dia 10 de junho, novamente na fila do almoço, isso pôde ser comprovado.
Em frente ao RU, vestindo camisetas vermelhas, Caroline e outros futuros Comunicadores Sociais se faziam notar, convidando os acadêmicos para encontrarem suas porcas ou parafusos na Ballare sexta-feira. “Hoje ainda não temos som, só mais adiante”, comentou. É a aproximação do final de semana que vai trazer a música, a buzina e a normalidade para quem espera a sua vez de almoçar na UFSM.
Luísa Dalcin – luh.dalcin@gmail.com
5° semestre/jornalismo
10/6/2008
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