O Paraíso é aqui!  O professor Hans Christian Klotz já passou por cidades como Munique e Berlim.
Foto: Jorge Japur
Na UFSM, existem professores e estudantes de várias nacionalidades. Alguns alunos vêm como intercambistas. Os professores às vezes lecionam como visitantes estrangeiros, podendo posteriormente se efetivar na instituição. Quais são as semelhanças e diferenças daqui com a sua terra natal? Como foi a adaptação em Santa Maria? Quais são as dificuldades enfrentadas por eles enquanto estão distantes de suas famílias e pátrias? Para saber como uma dessas pessoas se sente na cidade, o InfoCampus entrevista um dos doutores alemães do Departamento de Filosofia, o professor Hans Christian Klotz.
InfoCampus – Por que o senhor escolheu o Brasil para lecionar filosofia?
Hans: Parte das coisas que acontecem na vida de alguém não dependem da sua escolha, talvez seja fácil demais dizer que eu escolhi. Na verdade, foram várias circunstâncias que interferiram nesse acontecimento. Eu fiz o doutorado e depois trabalhei como professor assistente na Universidade de Munique, obtendo a livre docência. Depois disso, começou a fase mais difícil da carreira, que foi conseguir uma cadeira de professor. Isso pode ser difícil tanto pela demora dos concursos quanto pelo fato de estarem diminuindo as vagas para essa função na Alemanha... A filosofia em si está perdendo seu papel e importância nas Universidades e na vida intelectual alemã. Conheço muitos colegas e acadêmicos alemães que estão trabalhando em outros países, inclusive aqui no Brasil.
Aqui em Santa Maria surgiu a oportunidade de concorrer a uma vaga de professor visitante estrangeiro. Minha idéia era a de trabalhar como professor visitante por dois anos, e eu não sabia o que fazer depois. Felizmente abriu uma vaga para professor efetivo. Daí eu concorri e passei. Dessa forma me estabeleci aqui na cidade.
I – Como o senhor analisa o ensino de filosofia no Brasil?
H: O ensino da filosofia no Brasil parece que está crescendo. Há um desenvolvimento bom, não só em termos quantitativos, mas também qualitativos. Comparando o ensino com o da Alemanha, parece que as aulas daqui estão baseadas mais na preleção do professor. Nas provas o aluno tem o papel de reproduzir a matéria. Bom, aqui acho que as coisas poderiam ser um pouco diferentes. A meu ver a leitura e a atividade dos alunos são muito importantes, mas me parece que o sistema coloca mais em foco o ‘assistir as aulas’. Talvez os alunos devam produzir mais a partir da sua própria experiência de leitura, sem depender tanto do professor.
I – O senhor aprendeu o português antes de saber que viria para o Brasil?
H: Eu aprendi a língua portuguesa aqui, no começo foi difícil. Devo muito a colegas e também a alunos com os quais conversei. Eu me encontrava com um aluno uma vez por semana para conversar em português. Tive muita ajuda de colegas professores e de alunos.
I – Que outros tipos de dificuldades o senhor enfrentou no processo de adaptação em Santa Maria?
H: É difícil responder... Acredito que essa é uma questão um pouco mais pessoal. Eu trabalhei em Munique e também em Berlim por um semestre. Eu estava acostumado a algumas coisas que eram disponíveis nesses centros, e sinto falta de algumas delas às vezes.
I – O senhor consegue visitar a sua família com a grande distância geográfica entre o Brasil e a Alemanha?
H: Isso é difícil. É importante ver os parentes, os pais, ao menos uma vez por ano, mas é uma viagem custosa. Ela é necessária, mas é complicada.
I – Para concluir, como o senhor avalia sua estadia aqui? O senhor gostaria de ficar no Brasil?
H: Sim. Desde o início eu gostei muito do trabalho aqui. Participei de eventos, contribui para revistas. Enfim, acredito estar participando do crescimento da filosofia aqui. Esse contexto de discussão, de troca de idéias e da organização de eventos é muito bom para a minha produção também. Essa é uma atividade que me dá prazer.
Continuação: curiosidades sobre a Alemanha e sobre o trabalho no Brasil
Jorge Robespierre Tomás Japur – jorgejapur@yahoo.com.br
5º semestre/jornalismo
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