Muito mais que um professor de Biologia Matéria sobre James Pizarro no Jornal A Razão de 8 e 9 de março de 2008.
Foto: Divulgação
James Pizarro, 66 anos, mora na praia. Mais precisamente em Canasvieiras, onde caminha todos os dias na beira-mar com a mulher, Vera, e convive com o ininterrupto barulho das ondas. Quem passa por ali e vê este senhor alimentando os cachorros de rua com restos de comida nem imagina a história de lutas pela defesa do meio ambiente e a importância que ele tem em certa cidade universitária a cerca de 800 quilômetros de distância...
Este santa-mariense de opiniões fortes ingressou na UFSM no segundo dia de março de 1963, na então Faculdade de Agronomia. Diferente do que conhecemos hoje, a estrada entre a cidade e o bairro era de chão batido e a universidade contava apenas com um ônibus. Pizarro lembra que “não raro, no inverno, o ônibus atolava e os alunos desciam para empurrar”. No campus, havia apenas metade do atual prédio do Centro de Tecnologia, com janelas sem vidros. Por isso, “a turma vivia gripada porque o vento Minuano e a chuva entravam pelas básculas sem vidraças e todo mundo assistia à aula amontoado num canto da sala”.
Pizarro destacou-se logo no início da faculdade. Ele conta que no seu ano de ingresso foi criado o sistema de monitoria, no qual o aluno com a maior média em uma determinada disciplina era escolhido monitor. Na disciplina de “Zoologia Agrícola, Anatomia e Fisiologia dos Animais Domésticos”, o então estudante, aprovado com média 9,9. Com isso, James Pizarro foi o primeiro monitor nomeado da UFSM, através da portaria número 01/1964, assinada pelo reitor Mariano da Rocha e pelo diretor da faculdade, Dr. Ary Bento Costa.
Recém formado, em dezembro de 1966, foi convidado a dar aulas na universidade. Durante os 35 anos que permaneceu na UFSM, segundo ele “sem nunca ter tirado atestado médico, nem licença-prêmio, sem faltas ao serviço e sem nenhuma reprimenda administrativa”, Pizarro ajudou a fundar os cursos de Engenharia Florestal, Zootecnia e Ciências Biológicas, nos quais foi chefe da disciplina de Ecologia durante mais de 30 anos. Também foi co-fundador do Jardim Botânico da UFSM.
Pizarro foi vereador em Santa Maria de 1988 a 1992. Eleito com uma plataforma basicamente ecológica e com o título de “Guerreiro da Natureza” nos santinhos distribuídos, conseguiu conscientizar os outros edis a produzir um capítulo inteiro sobre “Meio Ambiente Municipal”, dentro da Lei Orgânica, uma iniciativa, inédita no Rio Grande do Sul. Além disso, durante a gestão, Pizarro escreveu 69 leis municipais voltadas à defesa do meio ambiente e fechou quase todas as pedreiras que demoliam os morros da cidade.
Pizarro credita sua boa disposição para todos estes projetos e incrível vitalidade aos seus alunos: “Fiquei velho, mas meu convívio o diário foi sempre com criaturas de 15 a 25 anos. Isso foi muito salutar pra mim, porque está adiando minha caduquice, meu Alzheimer, minha impotência”.
Resta a nós, santa-marienses, esperar para ler as histórias desta “prata da casa”. E, enquanto esperamos, torcer para que elas sejam tão audaciosas e interessantes como este professor de biologia... O programa ambiental “Antes que a Natureza Morra” Projetos atuais do professor Vanessa Beltrame – vanessa_beltrame@yahoo.com.br
5º semestre/jornalismo
13/5/2008
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