Valter Noal fala “Do Céu de Santa Maria”

Um dos autores do livro “Do Céu de Santa Maria”, Valter Noal
Foto: Divulgação

Você é convidado a sobrevoar uma Santa Maria em que muitas edificações já não existem mais ou que estão diferentes. Sobrevoar regiões hoje povoadas, que antes eram desertas. Essa viagem no tempo é possível folheando e lendo as páginas do livro “Do Céu de Santa Maria”, lançado no dia 27 de junho deste ano na Biblioteca Pública Municipal Henrique Bastide.

A publicação ilustra a história de várias décadas do município em 250 páginas, com fotos aéreas da cidade desde a década de 1930 até 2008. A edição desta obra foi da Prefeitura de Santa Maria, em comemoração aos seus 150 anos de emancipação administrativa.

E os autores deste livro são: o professor do Departamento de Ciências Florestais do Centro de Ciências Rurais (CCR) da UFSM, José Newton Cardoso Marchiori; o programador visual que trabalha na Revista Ciência&Ambiente publicada pela UFSM, Valter Antônio Noal Filho e o fotógrafo formado em Engenharia Florestal na UFSM, Paulo Fernando dos Santos Machado.

O InfoCampus conversou com um dos autores do livro: o programador visual e pesquisador, Valter Antônio Noal Filho.


InfoCampus: Valter, qual a sua formação e onde você já trabalhou?


Valter – Estudei Comunicação Visual na UFSM. Hoje o curso se chama Desenho Industrial. Ingressei em 1980 e conclui em 1983. Depois, trabalhei numa agência de propaganda durante dois anos, época em que fiz concurso para a UFSM. Fui chamado no final de 1985, desde então trabalho aqui.

Trabalhei em vários setores da Universidade: logo no início, na Revista Ensaio, entre 1986 e 1991; depois, nove anos na Editora da Universidade e agora, há oito anos, na Revista Ciência&Ambiente.
Minha outra atividade, que faço por prazer, é pesquisar literatura de viagem sobre o Rio Grande do Sul, iconografia e literatura sobre o passado santa-mariense.

I – Quando iniciou e como foi a produção do livro “Do Céu de Santa Maria”?


V – Mais ou menos em setembro de 2007, quando o vice-prefeito, Werner Rempel, presidente da comissão dos festejos do sesquicentenário, me chamou na Prefeitura pedindo alguma sugestão de publicação que contemplasse a iconografia antiga de Santa Maria. Após algumas conversas, optamos por um livro só com imagens aéreas.

Eu e os demais parceiros possuíamos acervos razoavelmente pequenos, então iniciamos a pesquisa e, aos poucos, localizamos diversos outros acervos particulares e de instituições. Fizemos textos introdutórios, notas de rodapé e legendas das fotos. Toda foto, além de uma legenda explicativa, é acompanhada de uma ficha técnica, onde constam data aproximada, autoria e acervo de origem.

Grande quantidade de fotos contemporâneas foi produzida especificamente para esse trabalho, entre outubro de 2007 e maio de 2008, por Paulo Fernando dos Santos Machado. Contamos com o valioso apoio da Base Aérea de Santa Maria, que nos levou ao céu para realizarmos as imagens.

I – A respeito da venda do livro. É necessário ir à Secretaria de Cultura, retirar um boleto, pagá-lo no Banco, retornar à Secretaria e finalmente levar o livro?


V –
É meio burocrático. Isso se deve ao fato de uma instituição pública estar fazendo a venda. O preço é extremamente generoso [R$ 17,30], o que torna o livro de fácil acesso. Se fosse vendido em uma livraria, custaria em torno de R$ 100,00. O pessoal da Prefeitura comentou comigo que só no primeiro dia foram vendidos 64 exemplares, além dos aproximadamente 500 doados na sessão de autógrafos, que foi bem concorrida.

I – Olhando para as fotografias antigas e para as atuais de Santa Maria, quais as principais mudanças que o senhor percebeu?


V – Muita coisa mudou. Santa Maria continua sendo construída uma em cima da outra. Destruiu-se muita coisa bela. A cidade se expandiu muito. Deve-se lamentar que a cultura de preservação ainda seja incipiente no município. O livro foi feito também com esse objetivo, o de as pessoas perceberem a importância de cuidar do pouco que ainda resta de nosso rico patrimônio arquitetônico e urbanístico.

As pessoas que possuem imagens antigas de Santa Maria não devem destruí-las. Já existem tratativas para se implantar uma fototeca municipal. Local apropriado para se concentrar o acervo iconográfico antigo e atual de Santa Maria. Com os novos meios de reprodução, os interessados não precisariam doar o original, bastaria emprestá-lo para se fazer uma cópia digital.

Nasci em 1960 e acompanhei quase 48 anos de mudanças em Santa Maria e tenho minhas memórias: quando chegávamos de trem, subíamos a Avenida Rio Branco, que possuía outro aspecto. Era uma via movimentada, cheia de comércio, de hotéis funcionando, lojas bonitas. Havia fileiras de táxis parados em frente à Estação Ferroviária e a gare lotada.

Hoje, quando passo pela Avenida Rio Branco, vejo com certa desolação o atual estado, embora perceba uma ainda tímida tentativa de ressuscitá-la. Alguns prédios foram recuperados; outros, infelizmente foram demolidos.

Deve-se destacar o pioneirismo de Santa Maria na aviação brasileira. Em 1914 já havia aviões no céu da cidade. Em 1922, foi criado o Parque de Aviação Militar, que seria o embrião da Base Aérea. Não em Camobi, mas na região do Boi Morto, próximo aos atuais quartéis. Consta no livro a foto dos hangares do Parque, em 1922.

A chegada de muita gente alterou hábitos de Santa Maria, sem dúvida nenhuma. Camobi era pouco povoado, embora seja um núcleo antigo. Li relatos de um viajante que, em 1886, descreve Camobi como um vilarejo com casas construídas sobre palafitas, devido ao terreno alagadiço e chegou a compará-las com as encontradas no interior da África, em viagem que fizera pouco antes.

Outras publicações de Valter Noal Filho e a Revista Ciência&Ambiente


Hilberto Prochnow Filho – hilprochnowf@gmail.com
5° semestre/jornalismo
8/7/2008

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