Como fazer intercâmbio dentro do Brasil? Thomé Lovato fala sobre intercâmbio estudantil dentro do país
Foto: Hilberto Prochnow Filho
Estudantes da UFSM podem cursar disciplinas em outras Universidades Federais durante dois semestres. O Pró-Reitor Adjunto de Graduação da UFSM, Prof. Thomé Lovato, explica o que é, como funciona e quais os objetivos do Programa de Mobilidade Estudantil. Ele fala sobre a atual participação da UFSM no Programa e os prazos e procedimentos para a inscrição.
InfoCampus: Como se deu a criação do Programa de Mobilidade Estudantil?
Prof. Thomé: A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior – Andifes, a partir de negociações desde a década de 1990, criou em 2003, através da assinatura de 52 reitores de universidades brasileiras (ficaram fora apenas três), o Programa Andifes de Mobilidade Estudantil. Com o tempo se pretende ampliar a mobilidade também para docentes e técnico-administrativos de instituições federais de educação superior (universidades e centros de educação tecnológica - CEFET).
O convênio foi assinado em 29/4/2003 e já no segundo semestre do mesmo ano começaram as primeiras mobilidades. As universidades foram elaborando as suas resoluções. A UFSM criou a sua Resolução com base no convênio Andifes e ela foi aprovada em 16/12/2003.
InfoCampus: Quais as condições básicas para participar do Programa de Mobilidade?
Prof. Thomé: O estudante deve ter concluído na sua instituição de origem todas as disciplinas dos dois primeiros semestres do curso com aprovação. Ele pode ter no máximo uma reprovação por semestre. O seu nível de desempenho deve ser de bom para ótimo e deve ser capaz de adaptar-se à nova cultura, local, clima, moradia e novos contatos humanos. Muitas vezes longe da família, muitos sentem a pressão e diminuem seu rendimento.
Outra condição básica é que a matrícula, a garantia da vaga na instituição de destino, só é procedida concretamente após a matrícula de todos os alunos daquela Instituição. Só depois do ajuste de matrículas é que se atende os alunos que vêm de fora.
O que o estudante interessado deve fazer?
Prof. Thomé: O estudante interessado deve entrar em contato com a coordenação do seu curso, já tendo feito uma consulta prévia à instituição de destino, vendo a possibilidade de vagas, as ementas, os conteúdos. A coordenadoria do seu curso vai fazer uma avaliação e depois envia para a Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD). A PROGRAD analisa se o aluno enquadra-se nos critérios, em termos de conteúdo, reprovações e matrícula regular na Instituição.
Se tudo estiver certo, o pedido é enviado, dentro do prazo estabelecido, para a Instituição de destino. E lá, a PROGRAD e a coordenação do curso da Instituição de destino avaliam a possibilidade de atender a solicitação. Poderá haver uma negativa ao pedido caso haja carência de vagas ou não ocorra naquele momento a oferta da disciplina pretendida. Mas, no geral, os pedidos são aceitos.
Muitas vezes a mobilidade não acontece porque o aluno se dá conta de que não vai poder se manter ou se deslocar para outra instituição. Muitos pedem a mobilidade achando que a universidade vai subsidiar. A resolução da UFSM prevê que todos os custos serão por conta do estudante interessado.
Está em estudo desde o ano passado a possibilidade de sair uma cota de bolsas por universidade. Provavelmente 20 bolsas com valor em torno de 300 reais, para o período que o estudante ficar fora. É permitido ficar dois semestres, podendo ficar um terceiro, em casos excepcionais para complementar os estudos. A mobilidade encerra e o aluno retorna. Ele então pede aproveitamento na instituição de origem das disciplinas cursadas em outra.
InfoCampus: Quais os alunos da UFSM que já estão em mobilidade estudantil pelo país?
Prof. Thomé: A UFSM tem hoje 22 estudantes em outras universidades fazendo mobilidade. A predominância é na UFRGS (a metade dos estudantes). Os demais estão na UFBA, na Federal de Uberlândia, UFRJ, UFPR, UFSC, Federal de Lavras-MG, de Viçosa-MG e do Tocantins. Dois ou três em cada uma dessas, em alguns casos só um estudante.
InfoCampus: E quantos alunos de outras instituições que estão na UFSM?
Prof. Thomé: São 11 estudantes de outras universidades fazendo mobilidade aqui na UFSM. Nós temos alunos da FURG, UFPel, UFRN, UFPR, Federal de Viçosa-MG. A maioria, uns cinco ou seis, são da UNIPAMPA.
InfoCampus: Quais os prazos de inscrição no Programa?
Prof. Thomé: O prazo de entrada de processos aqui na UFSM para a mobilidade é nas seguintes datas: até a próxima sexta-feira, 16 de maio, para entrada de pedido de mobilidade para o segundo semestre de 2008 e 24 de outubro de 2008 para pedido de entrada de mobilidade para o primeiro semestre de 2009.
InfoCampus: Quais os objetivos do Programa de Mobilidade?
Prof. Thomé: O objetivo principal do Programa de Mobilidade é o estudante aprender uma outra cultura, conhecer uma outra estrutura administrativa, acadêmica, conviver com grupos de pesquisa e de ensino que tragam inovações.
Espera-se que o Programa de Mobilidade contribua para uma melhor formação das pessoas, para uma chamada territorialidade, para nos sentirmos brasileiros em qualquer parte do Brasil e até sermos atraídos para regiões do país onde tem pouca gente com formação universitária. E a partir da construção da educação superior fazer crescer todos os níveis de educação.
Porém, muitas vezes a mobilidade acontece por uma necessidade da pessoa se deslocar para Santa Maria ou daqui para outras instituições para ir morar com a família. É, por exemplo, a situação de mulheres estudantes que casam com militares aqui em Santa Maria e acabam indo acompanhar o marido na sua transferência.
Então, aquele objetivo idealístico da mobilidade muitas vezes fica em segundo plano. Mas preenchendo os requisitos que o convênio prevê, a gente não entra nessa questão particular.
Clique aqui e saiba as instituições federais de educação superior que participam do Programa Andifes de Mobilidade Estudantil.
Hilberto Prochnow Filho – hilprochnowf@gmail.com
5º semestre/jornalismo
13/5/2008
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