É hora de enfrentar o frio

Estudantes aproveitam o sol de inverno depois do almoço.
Foto: Letícia de la Rue

Horário de almoço. Se for um dia de sol, várias pessoas sentam nos bancos espalhados pela Universidade, na grama em frente ao Restaurante Universitário (RU), ou caminham e aproveitam os minutos antes de voltar para a sala de aula. Se for um dia nublado ou chuvoso, é provável que todas estas pessoas se encontrem dentro dos bares ou dos prédios, olhando pela janela o frio do lado de fora.

É o inverno que chegou à cidade. E mesmo que o frio puxe os estudantes para baixo das cobertas, é preciso levantar da cama e se agasalhar bem para enfrentar a maratona de esperar pelo ônibus, assistir às aulas e voltar para casa. E isso exige preparação. Além de o inverno trazer com ele um vento muito gelado, as salas de aula e laboratórios dificilmente são equipados para enfrentar o frio.

A solução para driblar as baixas temperaturas é unânime entre os acadêmicos: muitos agasalhos. E adianta? Melhora, mas ainda assim o frio incomoda.

A estudante de Farmácia Lucieli Fiorin diz que põe muita roupa para vir à aula, “porque aqui (no campus) é um gelo. É muito mais frio que no centro da cidade”. A sua colega, Mirella Callage, concorda. As duas ainda têm de usar o jaleco durante as aulas práticas, mas, nesse caso, afirmam que não há muito o que fazer. Tiram o casaco e vestem o jaleco por cima, e acabam passando frio.

As acadêmicas de Arquitetura e Urbanismo Danyelle Donati e Géssica Somavilla dizem que, como o campus tem um vento muito gelado, acaba sendo bem mais frio que o centro de Santa Maria. Além disso, os prédios não têm nenhum tipo de aquecimento.

Já a estudante de Pedagogia Laura Lemos não tem dúvidas: em dias muito frios, traz um cobertor pequeno com ela. “Dentro das salas de aula o frio é horrível. De vez em quando a gente traz um cobertor, porque isso ajuda”.

Além de colocar várias camadas de roupas, o estudante de Agronomia Daniel Waldow diz que tomar um café e levar chimarrão para a Universidade são úteis na hora de espantar o frio. No inverno, é mais comum ver os estudantes passando a cuia de mão em mão.

A proprietária do restaurante e lancheria DaKasa, popularmente conhecido como “bar do 20”, Maria Inês, afirma que as vendas de café sobem visivelmente no inverno. Em média, ela diz que aumentam em torno de 25% em relação ao verão. Sobre a comida, Maria Inês considera que “no inverno sai muito mais chocolate e doce. No verão vende-se mais líquido. O pessoal come mais no inverno”.

Nos dias ensolarados, uma opção para o intervalo das aulas é ficar “lagarteando” no sol. Mas, quando ele resolve não aparecer, a única opção é se refugiar dentro dos prédios, nos bares ou na Biblioteca. Se não tem sol para aquecer, pelo menos assim dá para escapar do vento.


O acadêmico de Publicidade e Propaganda Daniel Aleixo é de Recife (PE), mas morou boa parte de sua vida em Belém (PA), cidades nas quais o calor é dominante. Logo que chegou a Santa Maria, disse que passou frio por não estar habituado às temperaturas daqui. “No começo eu passei frio sim, não era acostumado. Então eu não tinha muita noção de quanta roupa era necessária pra suportar o frio”.

O seu colega de curso, Rodrigo Arnoud também veio de longe. Natural de Boa Vista (RR), fala que já se acostumou com o frio do sul. Até afirma preferir as temperaturas mais baixas ao verão. “Não sei se isso acontece com quem vive a vida inteira no calor e depois gosta do frio. Mas sempre preferi o frio ao calor”.

Kéliton Amaral, também do curso de Publicidade e Propaganda, é de Santa Maria, mas viveu dos três aos 17 anos em Rio Branco (AC). Ele ressalta as diferenças do clima de cada região e diz que no Acre a temperatura dificilmente baixa além dos 14º C, enquanto que aqui os termômetros descem muito mais. “Lá, nessa temperatura (14º C), as pessoas já estão reclamando e tirando todas as roupas quentes do armário, que evidentemente são poucas. Aqui as pessoas nem ligam, algumas até nem usam casaco”.

Mas o estudante diz não sentir muito frio por aqui, e até brinca com o assunto: “antes de vir para cá eu já tinha um pouco de resistência, vai ver é o sangue gaúcho”.
O estudante de História Eduardo Rouston, de Bauru (SP), conta que sentiu dificuldades para se adaptar às baixas temperaturas do inverno. Ele tem suas aulas no prédio 74, do Centro de Ciências Sociais e Humanas (CCSH), e diz que o considera bastante frio porque “está localizado num dos pontos mais abertos da Universidade no sentido de que não há outros prédios tão próximos dele se comparado com o restante dos Centros do campus”.

Daniel, Rodrigo e Kéliton também partilham da opinião de Eduardo. Os três têm várias de suas aulas no prédio 74, que consideram mais frio que os outros. “As salas do prédio 74 são umas geladeiras!”, diz Daniel. Rodrigo afirma que dentro dos prédios é inclusive mais frio do que na rua.

Como os dias frios são maioria no inverno gaúcho, não dá pra ficar simplesmente “matando” aulas quando a temperatura cai. A única solução é vestir uma roupa bem grossa, apelar para os complementos - como mantas e luvas - e encarar o vento gelado do campus. Se precisar, um cafezinho ou um mate ajudam nessa hora. E depois, é esperar a hora de chegar em casa e voltar para baixo das cobertas.


Letícia de la Rue – leticia_rue@yahoo.com.br
5º semestre/jornalismo
24/6/2008


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