Dançaterapia e a criatividade com a dança

por Anna Elisa Azzolin Faverzani

“A dança não pode estar distanciada da sociedade em que se vive, nem dos problemas do homem cotidiano e, fundamentalmente, não deve ser privilégio daqueles que se dizem dotados, mas sim patrimônio da educação comum como assinatura de grande valor estético e formativo” .

O extraordinário potencial educativo e terapêutico das atividades artísticas tem sido amplamente ponderado e reconhecido desde a antiguidade. Sem dúvida, nenhuma das artes parecia ser equiparada, por seus efeitos benéficos, com a dança e a música.

A partir da metade da década de sessenta, começa a adquirir lugar na Argentina, desde onde rapidamente se difunde para outros países latino-americanos e Europeus.

O desenvolvimento simultâneo da musicoterapia e da dançaterapia enquanto especialidades terapêuticas não verbais alternativas, com seus respectivos marcos teóricos.
A bailarina contemporânea e coreógrafa argentina Maria Fux, foi a criadora da Danzaterapia.

Profundamente interessada em explorar os efeitos da dança para a recuperação de crianças, jovens e adultos com diferentes patologias, não vacila em integrar pessoas com problemas especiais a seus grupos pedagógicos, psicológicos e artísticos.

Através de várias décadas de ativo e muito trabalho experimental, Maria Fux elaborou e elabora uma metodologia de acontecimentos originais, amplamente reconhecida hoje no âmbito internacional. O trabalho e o ensino método Maria Fux, constituem sem dúvida, uma técnica significativa e de extremada relevância para nossa cultura.

A dançaterapia foi se constituindo com o tempo em um acúmulo de materiais, idéias, músicas que mobilizam as pessoas que realizam a criar a partir da improvisação, em compromisso com sua firme idéia de que a criatividade, desde a base, proporciona um enorme prazer e uma alegria instantânea.

O corpo e o movimento são mais que um código ou uma linguagem, estas resoluções não parecem involuntárias ou inconscientes por ser uma atividade onírica.

Depois que conheci e comecei a fazer a Formação em Dançaterapia com a Maria Fux, eu sempre soube que o corpo possui respostas que podem ser analisadas sem palavras.

Pode-se explorar a psique através do movimento e a expressão do corpo, que possuem uma linguagem própria, mas essa é uma técnica que eu utilizo integrada com a Psicanálise e com a Psicologia Social.

Através da psicanálise e da dançaterapia como trabalho integrativo, tenho encontrado um método que consegue mudanças nas pessoas, mediante o movimento e depois das palavras.

A única coisa que faço é estimular as potencialidades que todos possuem. Eu nunca falo de curar, mas de mudar. E, qualquer que seja o tipo de ou gravidade de um problema, sempre haverá algo que pode ser modificado.

Principalmente os medos, os próprios limites, o “eu não posso”, que é o principal gerador da falta de confiança nas próprias possibilidades de mover-se, de ver-se e aceitar-se.

O medo maior é o não poder, o não entender o que acontece, frustrar-se, sentir-se exposto no sentir e na própria imagem corporal. Quando dançamos, expressamos não somente a beleza que existe dentro de cada um de nós, mas também os medos, a raiva, a angústia, a dor.

Cada um desses estados são personagens que vivem dentro de nós e que pugnam para sair com a mesma intensidade com que não resistimos, muitas vezes, a deixá-los aflorar ou, talvez, reconhecê-los como próprios. E é através da dança, algumas vezes mais que a própria palavra, como conseguimos encontrar essa saída.

¹Anna Elisa Azzolin Faverzani. Doutoranda em Psicologia Social pela Universidade Argentina John Kennedy, Buenos Aires, Argentina,; Psicanalista pelo Instituto de Psicanálise/ITPOH; Membro titular da Associação Argentina de Saúde Mental, Buenos Aires, Argentina; Dançaterapeuta em formação desde março de 2006, pelo Instituto Criativo de Danzaterapia Maria Fux; Especialista em Estudos interdisciplinares latinoamericanos pelo Centro Universitário Franciscano; Diretora do Psycocentro – Centro de Psicanálise e Saúde Mental, Santa Maria, Rio Grande do Sul; Voluntária e apoiadora do Projeto “Jornalismo Cidadão: Humanos Integrados pela Vida/HIV”, desde abril de 2007/UFSM., Santa Maria, Rio Grande do Sul.
FUX, Maria. Qué es la Danzaterapia: preguntas que tienen respuesta. Buenos Aires: Lúmen, 2004.

UFSM
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