Imunologia

CCS - Departamento de Microbiologia e Parasitologia - Prédio 20 - Sala 4222

Anticorpos monoclonais

Os anticorpos monoclonais foram primeiramente identificados no soro de pacientes com mieloma, uma neoplasia dos linfócitos B em que determinado clone se reproduz intensamente, o que resulta na produção aumentada de uma classe de imunoglobulina portando certa especificidade antigênica. Essas moléculas, homogêneas na sua estrutura, são chamadas imunoglobulinas monoclonais ou anticorpos monoclonais, pois representam a síntese de moléculas de um único clone de linfócitos B. No entanto, a especificidade dos anticorpos monoclonais produzidos por esses tumores espontâneos geralmente é desconhecida.

A produção de anticorpos monoclonais de especificidade antigênica conhecida foi conseguida com o desenvolvimento da tecnologia dos hibridomas descrita por G. Köhler e C. Milstein, em 1975. O hibridoma é o produto de fusão de uma célula de mieloma com um linfócito B normal. Freqüentemente, usam-se células de camundongos, nos quais os mielomas podem ser induzidos experimentalmente, fundindo-se essas células com linfócitos B de camundongo imunizado com antígeno conhecido, contra o qual deseja-se obter os anticorpos monoclonais.

A técnica de hibridomas é baseada nas seguintes propriedades das células usadas:
1. As células de mieloma apresentam a propriedade de crescer em meios de cultura enquanto que os linfócitos normais morrem nesses meios.
2. As células de mieloma selecionadas para a fusão celular são de linhagem mutante, não secretora de anticorpos e sem expressão do gene para a enzima HGPRT (do inglês, Hypoxanthime guanine phosphoribosyl transferase).
3. Para o crescimento do hibridoma, emprega-se meio de cultura HAT que contém hipoxantina, aminopterina e timidina. As células de mieloma, como não possuem a ezima HGPRT, não podem usar a hypoxantina na síntese de DNA; por outro lado, a aminopterina é um análogo do ácido fólico que bloqueia as coenzimas requeridas para a síntese de ácido nucléico. Assim, essas células de mieloma são incapazes de usar qualquer das duas vias de síntese de DNA e morrem no meio HAT.
4. Os linfócitos B normais não conseguem sobreviver em meio de cultura além de 1 a 2 semanas e, assim, essas células também morrem.
5. As células híbridas conservam a propriedade de imortalidade recebida das células de mieloma e, como recebem o gene para HGPRT do linfócito B parental normal, podem sobreviver em cultura.

Após crescimento no meio HAT, os híbridos são selecionados empregando-se o método de diluições limitantes, pelo qual encontra-se uma concentração que contenha uma única célula do hibridoma em cada poço da placa de cultura. A presença do anticorpo de interesse é detectada examinando-se, usualmente pelos ensaios de RIA ou ELISA, o sobrenadante da cultura de cada poço. Identificam-se então os poços que contêm o hibridoma de interesse. Os hibridomas assim identificados são clonados e os anticorpos monoclonais, homogêneos quanto à sua especificidade, são isolados.

Departamento de Microbiologia e Parasitologia
Universidade Federal de Santa Maria
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