Imunologia

CCS - Departamento de Microbiologia e Parasitologia - Prédio 20 - Sala 4222

Imunodifusão

A imunodifusão baseia-se na difusão de substâncias solúveis por movimentos moleculares ao acaso em meio gelificado como o ágar ou gel de agarose. Enquanto as moléculas estão livres continua ocorrendo difusão, até que se formam imunocomplexos de elevado peso molecular e que, devido ao tamanho, ficam imobilizados no gel, permitindo a visualização do imunocomplexo como a turvação nítida, que é o imunoprecipitado.

Nessas técnicas, além da concentração ideal de cada um dos componentes, também a especificidade e avidez dos soros imunes e a escolha dos extratos antigênicos irão definir a eficiência do teste. Outros fatores que interferem com a qualidade das técnicas de imunodifusão são qualidade, grau de pureza e homogeneidade do meio gelificado e temperatura e umidade do ambiente onde ocorrerá a difusão.

Existem combinações dessa técnica, por exemplo : simples, em que uns dos componentes (Ag ou Ac) está fixado ao gel enquanto o outro migra até a formação do imunocomplexo; dupla, na qual os dois elementos migram simultaneamente, um em direção a outro e radial, com o movimento ao acaso em todas as direções, a partir do orifício no qual se coloca a amostra.

Imunodifusão de Ouchterlony

Na dupla difusão radial, descrita por Ouchterlony em 1946-1948, o antígeno e o anticorpo são colocados em dois pontos diferentes de uma camada de gel, posta em posição horizontal; por exemplo, sobre uma lâmina de vidro ou placa de Petri. Os reagentes difundem um contra o outro, formando o precipitado.

O método permite a comparação de vários sistemas antigênicos, desde que colocados em orifícios adjacentes, contra um mesmo sistema de anticorpos, formando vários padrões que indicam a existência, ou não, de determinantes antigênicos comuns. As linhas formadas podem ser completamente coalescentes, no caso dos anticorpos possuírem especificidade para os mesmos determinantes antigênicos em cada preparação (identidade imunológica); podem apresentar um “esporão”, como no caso de antígenos que possuem alguns determinantes em comum (não-identidade). Quando os agentes estão em quantidades balanceadas, a linha de precipitação formada terá curvatura voltada para o orifício que contém a substância de maior peso molecular, que se difunde mais lentamente.

O método pode ser utilizado para avaliações semiquantitativas, quando se conhece a especificidade das linhas de precipitação, como, por exemplo, na situação de antígenos de vários agentes infecciosos, empregando anticorpos de especificidade e reatividade conhecidas. A formação de uma única linha de precipitação dá indício da pureza do antígeno ou do anticorpo, porém de um modo não muito preciso.

Esse método também apresenta várias limitações, pois requer 18 a 24 horas de difusão para que a reação se processe, não sendo útil em casos em que se necessita de um método rápido de diagnóstico. Ao mesmo tempo, apresenta uma sensibilidade baixa e limita-se à detecção de reações antígeno-anticorpo em que há a formação de precipitados.

A técnica pode, ainda, ser utilizada na pesquisa de anticorpos associados a doenças auto-imunes, como artrite reumatóide, lúpus eritrematoso sistêmico, esclerose sistêmica, síndrome de Sjögren e vasculite.

Departamento de Microbiologia e Parasitologia
Universidade Federal de Santa Maria
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