Imunologia

CCS - Departamento de Microbiologia e Parasitologia - Prédio 20 - Sala 4222

Imunoeletroforese

A técnica combina eletroforese e difusão dupla em meio geleficado, em tempos distintos, com alto poder resolutivo. A eletroforese evidência alguns componentes ou frações antigênicas por diferenças de carga elétrica nesses componentes, conceituada como sendo a migração de moléculas carregadas em um solvente condutor sob a influência de um campo elétrico. Como várias moléculas podem apresentar cargas elétricas próximas, a técnica vai juntá-las em pontos próximos na migração eletroforética. A imunoeletroforese permite a discriminação de um número maior de componentes da mistura de um extrato antigênico ou material biológico, utilizando a especificidade dos anticorpos para cada uma das subfrações de cada componente já fracionado por diferenças na carga elétrica.

Para a realização da eletroforese, os suportes mais utilizados são papel de filtro, acetato de celulose, gel de ágar ou agarose e poliacrilamida, com diferentes fatores interferentes na migração eletroforética: carga, tamanho e forma das moléculas, concentração, força iônica e pH do solvente, temperatura e viscosidade do meio e intensidade do campo elétrico. O ponto isoelétrico (pI) da proteína é um fator importante que, dependendo do meio em que ocorre a eletroforese, irá determinar a migração das moléculas.

Para a etapa seguinte, imunodifusão radial de cada componente, é necessário um meio gelificado, o que, portanto limita a realização da técnica de imunoeletroforese a esses meios. A imunodifusão dos componentes antigênicos se faz contra soros policlonais monoespecíficos ou poliespecíficos para o extrato total, formando um arco de precipitação na linha de equivalência. Os soros policlonais também migram radialmente em direção às frações protéicas.

A caracterização das substâncias é feita pelas características eletroforéticas (mobilidades diferentes devido a cargas e pIs diferentes), pela difusibilidade (velocidade diferente de difusão do Ag devido à concentração e ao tamanho da molécula) e pela especificidade imunoquímica (depende do soro imune utilizado).

Após a obtenção do resultado final, o suporte em que foi realizado o teste pode ser lavado para a retirada dos componentes não envolvidos na formação dos imunocomplexos, secado para formar um filme de ágar/agarose e corado com corante para proteínas como Ponceau S ou negro de amido, servindo como registro documentado de um resultado.

A imunoeletroforese é um método qualitativo que pode ser utilizado para detectar substâncias solúveis imunogênicas utilizando Ac específicos, desde que os imunocomplexos formados tenham tamanho suficiente para formar as linhas de precipitação. A técnica também permite a caracterização de proteínas com confiabilidade, detectando anormalidades estruturais (padrão de mobilidade eletroforética) e alterações nas concentrações (espessura do arco de precipitação formado). Para essa finalidade, é necessário que o ensaio seja feito em paralelo, com uma amostra considerada normal para o estudo.

Como a técnica não apresenta sensibilidade elevada, não é capaz de detectar bandas monoclonais em baixas concentrações, o que permitiria o diagnóstico laboratorial precoce das gamopatias.

Departamento de Microbiologia e Parasitologia
Universidade Federal de Santa Maria
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