Imunologia

CCS - Departamento de Microbiologia e Parasitologia - Prédio 20 - Sala 4222

Reações de Hipersensibilidade

Quando um indivíduo sofre uma estimulação imunológica anterior, o contato adicional com o antígeno leva a um reforço secundário da resposta imunitária. Entretanto, a reação pode ser excessiva e conduzir a grandes danos nos tecidos (hipersensibilidades), podendo ocorrer se o antígeno estiver presente em quantidades relativamente grandes ou se o estado imunológico humoral ou celular se encontrar em nível intensificado.

1. Hipersensibilidade tipo I:

Reações de hipersensibilidade humoral tipo I ou atopias são estados inflamatórios de pele e/ou mucosas, mediados por Ig, mastócitos e basófilos com receptores de alta afinidade para IgE (RFcε 1). Outros mediadores altamente ativos que são liberados dos grânulos incluem o fator de plaquetas (PAF), heparina, certas enzimas e fatores quimiotáticos.

As atopias podem ocorrer de forma localizada como rinite alérgica, dermatite atópica, asma brônquica, alergia alimentar atópica e atopias medicamentosas, ou de forma generalizada, levando ao choque anafilático. As reações inicialmente localizadas podem se tornar repetitivas ou generalizadas aumentando, assim, a morbidade e a mortalidade desses pacientes.

2. Hipersensibilidade tipo II:

Citotoxidade celular ou hipersensibilidade citotóxica é uma reação de hipersensibilidade humoral tipo II, que resulta em lise da célula-alvo e em danos teciduais, levando a distúrbios funcionais e orgânicos deletérios ao individuo. Há lise da célula-alvo mediada por anticorpos contra antígenos da superfície celular que causam: fagocitose da célula pela atividade opsônica (Fc) ou imunoaderência (C3); citotoxidade extracelular não-fagocitária por células destruidoras com receptores para IgFc; e lise através da atuação de sistema complemento até C8 e C9.

Dentre os quadros clínicos, podem ocorrer: ceratoconjuntivite tóxica, enteropatia perdedora de proteínas, reações por drogas, incompatibilidade ABO e eritroblastose fetal.

3. Hipersensibilidade tipo III:

Reações por imunocomplexos ou doenças de imunocomplexos são reações de hipersensibilidade humoral tipo III, nas quais complexos formados por antígeno-anticorpo-complemento são responsáveis pela lesão tecidual. Foram descritas inicialmente como Doença do Soro. Os isótipos de imunoglobulinas mais envolvidos são IgM, IgG e, com menor freqüência, IgA, podendo os três isótipos estar presentes em imunocomplexos de um mesmo paciente.

Causam ativação de granulócitos, macrófagos e da cascata do complemento, no local da inflamação, sendo a magnitude desta reação dependente da quantidade de imunocomplexos e da sua distribuição corporal.

Tipos de reações: Doenças do soro, Doenças auto-imunes (artrite reumatóide, lúpus eritematoso sitêmimco,dermatomiosite), Pneumonite ou alveolites, Reção de Arthus.

4. Hipersensibilidade tipo IV:

As reações de hipersensibilidade tipo IV ou hipersensibilidade celular, ou ainda, reação tardia são mediadas por linfócitos timo-dependentes. A reação realiza-se pelos mecanismos habituais da resposta imunológica espec[ifica celular. Há estimulação dos linfócitos T com diferenciação final para T cititóxicos, auxiliares, T com função supressora, células T mémoria e T produtoras de citocinas. São estimulados pelo contato com o antígeno ligado ao macrófago, liberando linfocinas, sendo necessárias 24 a 72 horas para o desenvolvimento da reação inflamatória e por isto designa-se hipersensibilidade de tipo retardado.

São exemplos de hipersensibilidade tipo IV: Teste de Mantoux para a sensibilidade à tuberculina, infecções por bactérias intracelulares, infecções fúngicas e virais, rejeição crônica a transplantes, fotodermatites, etc.

FONTE:
-BIER,O.,SILVA, W.D.da & MOTA,I. Imunologia Básica e Aplicada. 5ª ed. Rio de Janeiro, Guanabara- Koogan, 2003.388p

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