LABORATÓRIO DE ANÁLISE DOS CENÁRIOS ESPORTIVOS NA MÍDIA

Responsável: Prof. Antonio Guilherme Schmitz Filho

2.2.1.4 Taffarel: o contestado

A equipe brasileira disputou a vaga para a grande final, ou seja, mais um passo para se tentar a conquista do tão almejado e aclamado pentacampeonato. O jogo foi muito difícil e disputado, como geralmente ocorre numa semifinal. Nessa competição em especial, a prorrogação foi ainda mais penosa porque a partida poderia terminar com o “Golden Gol”, quem fizesse o primeiro gol na prorrogação seria proclamado o vencedor e o jogo terminaria ali. Isso não aconteceu, foi preciso disputar a semifinal frente aos holandeses nos pênaltis. A vitória foi extraordinária graças às boas cobranças realizadas pelos jogadores, à magnífica atuação do goleiro Taffarel e à sorte. Sabe-se que a figura do goleiro é muito delicada, porque esse jogador, em específico, está sempre entre a fama e o fracasso. Ele obrigatoriamente defende porque é sua obrigação e toma gols porque é ruim. Ocasionalmente faz atuações espetaculares e aparece como herói. Foi exatamente o que aconteceu com Taffarel. Desde muito tempo sua posição na seleção foi muito contestada, alguns achavam que ele era jogador de preferência e de confiança do técnico Zagallo, outros o colocavam no asilo dos jogadores que não tinham mais idade para seleção, outros o criticavam por acharem que não jogava nada nos clubes que atuava, portanto péssimo para a seleção, alguns poucos talvez o consideravam como o goleiro ideal. Assim, a figura de Taffarel foi se construindo desde que atuou pela última vez na final de 94. Agregou-se a tudo isso a sua participação na Copa América de 95, principalmente na partida contra o Uruguai, no gol de falta. Taffarel, na ocasião, foi duramente criticado por aquela atuação, inclusive o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, foi um dos que criticou o goleiro. Taffarel decidiu, então, abandonar a seleção. Mais tarde e avaliando com calma o acontecido, voltou atrás na sua decisão e resolveu jogar novamente. Alguns aplaudiram sua iniciativa, outros pareceram não gostar muito. A questão posta, em relação a Taffarel, pode ser avaliada de várias formas ou desencadear vários pensamentos.
Será que as críticas feitas ao jogador foram elaboradas a partir de questões regionalistas em relação à seleção nacional? Será que sua posição na seleção foi contestada por preferências e não por um crivo mais apurado em relação à tarefa que desempenhava? Ou ainda, quem pode com segurança afirmar que tal ou tal são os ideais para determinada função e determinada ocasião? O que fica presente é que muitas discussões perdem-se no vazio sem explicações mais qualificadas, e que nesse meio ficam posições que na maioria das vezes não podem ser interpretadas adequadamente, a não ser que se considere o impulso emotivo ou a preferência pessoal. Neste sentido foi possível destacar pontos críticos em relação ao desempenho do goleiro Taffarel, que foi apresentado em legenda de foto no Jornal do Brasil da seguinte maneira: “Taffarel, amado por uns e odiado por outros, iguala, em sua terceira Copa, a marca de Gilmar e Leão de quatorze partidas em mundiais.”
A matéria descrevia que:

“...se não é uma unanimidade, Taffarel conseguiu pelo menos dividir as opiniões. Chega aos quatorze jogos defendendo o gol da seleção brasileira em partidas da Copa do Mundo. Detestado por alguns, sempre à procura de uma falha ou super valorizando o erro que em outros goleiros seria considerado comum, e defendido por um grupo não tão barulhento como o dos críticos, mas com alguns nomes de peso. Entre eles, o técnico Zagallo. “É um goleiro experiente, que tem toda a minha confiança”, diz o treinador48

O jogador, portanto, seguiu para a Copa sem cativar uma parte dos jornalistas. Isso pode ser percebido em algumas transmissões, recorrendo a apreciações feitas durante a partida preparatória para a Copa em Bilbao. Taffarel cometeu um erro no lance do gol espanhol. Para o analista de arbitragem da Rede Globo de Televisão, que avaliou o desempenho de Taffarel, o goleiro errou ao rebater a bola que originou o gol espanhol, pois, segundo sua opinião, o juiz havia indicado com a sinalização pertinente ao lance, tiro indireto no momento da falta, ou seja, uma cobrança em dois lances. Assim, segundo o analista, o goleiro brasileiro deveria ter deixado a bola seguir o seu curso normal, depois da cobrança autorizada pelo juiz, e até mesmo permitir que a bola entrasse no gol, pois o tiro como foi destacado pelo analista, era indireto. E caso a bola entrasse sem tocar em ninguém (direto), o gol seria invalidado.
A seguir, relata-se o acontecido:
Aos 19 minutos, numa cobrança de falta realizada pela esquerda do ataque espanhol, o time de Bilbao fez o primeiro gol da partida. O goleiro Taffarel espalma a bola rebatendo para dentro da área do Brasil, ela cai nos pés do atacante espanhol que se encontrava livre, ele aproveita a oportunidade e conclui com sucesso. O narrador da Globo, Galvão Bueno, pergunta ao comentarista de arbitragem:

Galvão Bueno (narrador) - Arnaldo César Coelho, alguma irregularidade no gol, Arnaldo?

Arnaldo César Coelho (analista de arbitragem) - É impressionante como o Taffarel não conhece regra, o juiz deu tiro indireto. Veja com o braço levantado! ( chama a atenção para o replay) Era só deixar a bola entrar, que não valia o gol, era tiro de meta, e o Taffarel vai e não presta a atenção, e defende parcialmente e o gol foi legal porque o Taffarel não conhece regra.

Mauro Naves (repórter de campo) - Mas houve o desvio no chute!
Galvão Bueno - Arnaldo, havendo o desvio no chute valeria?

Arnaldo César Coelho – Exato. Se houve o desvio tudo bem, mas pela imagem, pela repetição, pelo replay, não se viu desvio, se viu um chute direto, o jogador chutou direto ao gol. Eu não vi desvio nenhum, a não ser que vendo em câmera lenta possa ter havido o desvio.

Galvão Bueno - Confesso que também não senti, não vi nenhum desvio não. Olha o Zagallo irritado, daqui a pouco nós vamos repetir para você, vamos ter o intervalo, o show do intervalo para mostrar isso.


De acordo com o procedimento anterior, o narrador reforça a questão do conhecimento das regras, concordando com o comentarista de arbitragem a respeito da falha do goleiro Taffarel, evidenciando mais uma vez o desconhecimento dos jogadores brasileiros no referente a regras de futebol, dizendo:

Galvão Bueno - ....porque essa coisa que o Arnaldo disse que o Taffarel não conhece regra, não conhece mesmo, porque jogador nenhum conhece, é uma desinformação que é uma coisa, principalmente no jogador brasileiro, se bobear você pergunta para algum deles, quais são os três adversários na Copa, eles não vão acertar os três nomes.

No intervalo da partida, o goleiro Taffarel, procurado pelo repórter de campo, relatou que viu a bola bater em Roberto Carlos (jogador disposto na barreira), e que por isso ele foi na bola. Essa confirmação foi apurada pelo repórter, porque no intervalo o narrador havia prometido rever o lance para precisar ou não a falha do goleiro brasileiro, salientada pelo comentarista de arbitragem da emissora.

O repórter disse ainda que falou com o preparador de goleiros da seleção, e que ele confirmou que o Taffarel comentou com ele que a bola bateu em Roberto Carlos no momento da cobrança da falta. O narrador, por sua vez, disse que as imagens estavam sendo preparadas para a realização de uma nova análise.
O repórter de campo chamou a atenção, por ocasião do lance, de que a bola havia batido em alguém. Situação que levou o narrador a perguntar ao eufórico comentarista se dessa forma o lance seria validado, obtendo do mesmo uma confirmação.
O jogo recomeçou e o Brasil sofreu uma falta no ataque. O narrador aproveitou a parada do jogo, e então chamou pelo comentarista de arbitragem para novamente analisarem o lance do gol dos espanhóis.

Galvão Bueno - Arnaldo César Coelho, você aí pra nós.

Arnaldo César Coelho - A regra é bem clara, vê ( chama atenção para a imagem que é congelada inicialmente na posição do braço do arbitro e depois o lance é repetido em slow) tiro indireto, ele bate (chama atenção para a cobrança do jogador espanhol), o Roberto Carlos vai pular vamo vê...o Roberto Carlos pula, a bola não toca no Roberto Carlos! Mas o goleiro Taffarel acha que ela tocou e por isso ele foi na bola. E por isso ele soltou a bola no pé do jogador espanhol. E falhou! Mas essa bola não tocou no Roberto Carlos!
49

Com essa indicação, ficou clara a posição do comentarista em relação à atitude do goleiro. Ele, o comentarista, depois de rever várias vezes o que aconteceu, mantinha a sua posição inicial: o goleiro brasileiro havia falhado no lance do gol espanhol. No entanto, quando o replay foi acionado e a imagem realçada no momento do salto de Roberto Carlos, quando este compunha a barreira, a bola bateu no jogador. Mesmo assim, o analista continuou mantendo sua posição em relação ao erro do goleiro. Talvez sua opinião baseou-se no comentário de descrições anteriores50 , as quais indicavam que Taffarel e Dunga estariam na seleção por uma posição sentimental do técnico em relação aos dois, ou seja, eles apenas estariam na seleção pelo desejo de Zagallo e não pelas suas qualidades como jogadores.
Seguindo o mesmo fato polêmico discutido na Rede Globo, na Rede Bandeirantes de Televisão, quando o narrador pediu uma análise dos pontos positivos e negativos da partida, que estava chegando ao seu final, um dos comentaristas conclui a sua apreciação do jogo dizendo:

Roberto Rivelino (comentarista) - ...E só outro lado hein, Taffarel hein, muito mal, a única que foi entrou.

Luciano do Vale (narrador) - Taí o jogo passado a limpo pelos dois, Rivelino e Gerson, práticos, objetivos, pá, pá, nota, positivo, negativo, é isto aí, aqui na Band é assim, e quem fala é campeão do mundo, só isso
51 .

O que se nota é que, na Bandeirantes, o goleiro Taffarel, também foi avaliado pelo gol que sofreu. O comentarista deixou bem clara a sua posição quando salientou que a única bola que foi ao gol o goleiro falhou, deixou entrar permitindo, portanto, que seu desempenho fosse avaliado na condição de “muito mal”.
Depois do jogo, em outra emissora, a TVE, domingo à noite, no programa Cartão Verde, os apresentadores aproveitaram que na composição da mesa um dos convidados era goleiro, e perguntaram se houve ou não a falha do goleiro Taffarel por ocasião do gol espanhol em Bilbao.

Juca Kfouri (jornalista) - ...Olha aqui, fazendo um suspense também, eu sei que não é uma resposta fácil pra alguém da profissão. Afinal a bola bateu no Roberto Carlos hoje, ou não bateu, na hora que o Brasil tomou o primeiro gol?

Velloso (goleiro) - Ah, eu não vi direito.

Flávio Prado (jornalista) O Roberto falou que bateu.

Velloso - Eu vi uma vez só. A falta foi batida, e o Taffarel rebateu, mas não deu realmente, eu tava conversando, tava com os amigos, não prestei atenção.

Flávio Prado – Não. O Roberto Carlos falou que bateu.

Juca Kfouri - Achei que foi pelas costas.

Flávio Prado - É bateu. E o Taffarel, aí que tá, no meu modo de entender, e o Velloso pode até ajudar a gente, ele devia ter ido com mais definição na bola, ele foi, até ele ter ido na bola, que primeiro, poxa, porque se foi que tava dois lances, parece que a bola, parece não, bateu com certeza; segundo detalhe, aí me pareceu que faltou sabe, tirar a bola prá valer mesmo, ele ficou, falseou um pouquinho.

Velloso - Eu não vi o lance, mas quando a bola, muda de trajetória, no caso de resvalar em alguém é complicado, tomei um gol assim no Parque Antártica contra o Santos também, porque, você projeta o seu corpo para um lado, a bola vai para o outro, você fica totalmente desequilibrado, perde a coordenação, aí pode acontecer qualquer coisa.

Flávio Prado - Você se desfaz dela, é mais ou menos isso?

Velloso - Até prá dentro, você pode colocar, porque você está desequilibrado né, você já projetou todo o seu peso para um lado e tenta voltar, realmente é difícil, é difícil uma defesa quando você já partiu para um lado, e a bola, desviada, vem para o outro
52 .

Apurou-se que, em um primeiro momento, foi consenso a falha do goleiro no lance, pelo desconhecimento das regras. A seguir, sem uma análise mais apurada da situação, mesmo existindo indicativos para tal procedimento, parte-se para uma avaliação de Taffarel com a conclusão de que agiu “muito mal” .
Já no debate, domingo à noite, ainda parecia existir algumas dúvidas na criação polêmica do gol. O narrador da emissora, mesmo recebendo a confirmação de que a bola bateu em Roberto Carlos, ao encaminhar a pergunta ao goleiro que compunha a mesa, reportou-se ao fato afirmando que o goleiro “falseou um pouquinho” . O que se percebeu inicialmente é que em nenhum momento o goleiro foi procurado, pelas emissoras vistas, para se apurar o que realmente aconteceu. E se isso foi feito não apareceu nas transmissões que foram utilizadas para descrição. Mesmo assim, o que ficou evidente e claro, foi o imediatismo com que o acontecimento foi tratado. A primeira condição foi a de constatar a falha, para logo em seguida indicar quem a cometeu. Pode parecer um lance isolado e de pouca importância, mas se tratando do goleiro Taffarel, um goleiro muito criticado pela imprensa, que o considerava inapto para a tarefa, o lance mereceu destaque.

No Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), no debate que era realizado todas as noites; depois do jogo em Bilbao, salientou-se que:

Osmar de Oliveira (jornalista) - ...Mas alguém jogou mal hoje, Sílvio?

Sílvio Luis (comentarista) - Não, jogou mal, jogou mal, hoje, quando você vai...Jogou mal, o Taffarel! Jogou mal!

Osmar de Oliveira - Ah, Isso que eu queria escutar...
Sílvio Luis - O Taffarel jogou mal...

Osmar de Oliveira - Esse tá dando susto...

Sílvio Luis - Mas eu já falo tanto do Taffarel, que já tá parecendo, sabe, que eu peguei no pé do cara...

Osmar de Oliveira – ...campanha. Levou uma bronca do Dunga hoje...

Sílvio Luis - Mas não é campanha, não é campanha contra o Taffarel, infelizmente ele, a mim, não transmite a mínima confiança...
53


Na Rede Bandeirantes de Televisão, no debate depois do jogo de estréia.

Luciano do Vale (narrador) - Gostou do Taffarel, Bobô?

Bobô (comentarista) – Não! E uma coisa, tem que se dar um tempo pro Taffarel, porque ele não foi exigido, né, mas o Taffarel mata a gente do coração, mata quando a bola vai recuada prá ele.

Luciano do Vale - É aquele negócio de ele driblar dentro da área o centroavante, você acha que existe isso no futebol, falando sério?

Bobô - Não, eu acho que não, ele pecou nisso hoje, só!

Luciano do Vale - Só?

Bobô - Tecnicamente ele, a gente conhece o Taffarel, não é bom.

Luciano do Vale - Não é bom?

Bobô - Não é bom no chão. Bola no chão ele não é bom, nem com a esquerda, nem com a direita
54 .

O que se percebe, é que as críticas em relação ao goleiro apresentaram na Copa uma nuance muito interessante, quando não se falava de sua condição pouco confiável no gol, dizia-se que ele ali estava por ser homem de confiança do técnico. Porém, nunca se ouviu qualquer crítica sobre o jogador por parte de seus colegas de seleção, pelo contrário, todos afirmavam que Taffarel lhes inspirava confiança, requisito básico para quem ocupa essa posição. Tem-se a impressão que em um episódio como esse, parece vir à tona avaliações pessoais dos jornalistas. A situação, a falha, é prova definitiva para se confirmar as preferências e convicções pessoais.
Por outro lado, depois da partida frente aos holandeses na Copa, o goleiro Taffarel foi designado de várias maneiras. Neste episódio em especial, sua atuação foi imprescindível, ele defendeu duas cobranças de pênalti dos holandeses, fato que determinou a classificação do Brasil para a final da Copa.
As considerações apuradas a respeito de Taffarel, foram as seguintes:

Galvão Bueno (narrador Rede Globo) - ... E eu quero dizer aqui uma coisa, porque eu me sinto muito à vontade pra falar, porque sempre que fui perguntado, e o Falcão sempre fez coro junto comigo, o Romário nem se fala porque jogava nesse time, e o Arnaldo sempre concordou com a gente, então, nós todos estamos muito à vontade pra falar, e o Pelé mesmo que não estivesse com a gente nas transmissões dos jogos preparatórios, tenho certeza que ele concordaria, Taffarel foi talvez um dos jogadores mais criticados na história de um jogador da seleção brasileira, e aqui na Globo, ele sempre teve a sua posição defendida, pelo Falcão, pelo Arnaldo, por mim, em todos os momentos, em todas as matérias, e o Romário, eu tenho certeza, lá, como jogador importante da seleção sempre confiou no Taffarel, então, é muito bom ver alguém surgir nesse momento...

Repórter - Olha Taffarel, diz uma coisa, durante o jogo você teve defesas fundamentais, e hoje dois pênaltis Taffarel, você tá se especializando nisso rapaz!

Taffarel - Não, pior que não, pior que nos treinamentos, eu sou dos goleiros, o Dida, o Germano, sou o que menos pega pênalti, mas Deus abençoou no momento justo, no momento certo, eu dou glórias a ele, porque realmente, hoje, ele nos abençoou
55 .

A revista Placar faz chamada em título: “Vai que é sua, TAFFAREL! ” Fazendo menção ao bordão usado pelo narrador da Globo quando Taffarel fazia uma grande defesa. Ele foi considerado pelo texto como o grande herói da partida; e transcrições da fala de Zagallo indicam a importância da atuação do goleiro.

- “Essa decisão por pênaltis foi ótima para o Taffarel”

- “Ele já tinha sido muito criticado”
56

Na Folha de São Paulo, os colunistas Juca Kfouri e Matinas Suzuki JR., fizeram menção à atuação de Taffarel da seguinte maneira:

Nos títulos: - “12 heróis e 1 santo”
- “O iluminado”


O texto de Juca Kfouri salienta a atuação do goleiro durante a partida e conclui destacando que:

“(...)Taffarel, definitivamente, não pertence ao mundo dos mortais. Mesmo tão criticado, ele é capaz de fazer coisas de que até Deus duvida.”


O de Matinas Suzuki JR., dava conta de que Taffarel era um:

(...)iluminado – que dizer mais? – nas cobranças de pênaltis. Parece que ele se especializou nesse ato quase suicida, o verdadeiro salto no escuro. Ele parece realizar uma espécie de pacto em que é ele, e não o chutador, que determina para onde irá a bola...

Mesmo que Taffarel tenha realizado uma grande façanha, ele ainda completou dizendo: “...Sem ser o mais completo dos goleiros, Taffarel é, no entanto, completo na ciência de praticar a mais difícil das defesas57 .”
No jornal Correio do Povo, o destaque para as defesas de Taffarel nas cobranças de pênaltis veio em manchete de capa, indicando que: “Taffarel põe o Brasil na final”
A legenda de foto também destaca o feito do goleiro.

“O gol de Ronaldinho não foi suficiente para garantir a vaga nas finais e Taffarel salvou a pátria ao defender dois pênaltis”

O jornal preparou matéria especial com foto de Taffarel (ver anexo H) ocupando toda parte superior da página, trazendo o seguinte subtítulo:

“Após defender o primeiro pênalti, o goleiro Taffarel, imbuído do bravo espírito farroupilha, não se intimidou e saltou para o canto direito, evitando o gol de Ronald de Boer e classificando o Brasil”

O título desta matéria destaca: “Seleção venceu com sotaque gaúcho”
O texto refere-se ao desempenho dos jogadores Dunga e Taffarel em 94, e estabelece uma ligação com a partida frente aos holandeses “(...) a raça, a determinação e a garra dos gaúchos mais uma vez foram decisivas58 ” . Destacando também a importância de Emerson na cobrança dos pênaltis.
No jornal Zero Hora, no encarte especial da Copa/Jornal da Copa, o destaque foi Taffarel do começo ao fim. A capa trazia uma foto em que o goleiro comemorava a vitória com os dois braços levantados, envolvia-o uma aura branca, com destaque da torcida ao fundo. A manchete enfatizava: “DIA DE HERÓI”, acrescida de subtítulo ainda mais sugestivo: “As defesas de Taffarel fizeram dele o novo ídolo do futebol brasileiro”
A maioria do encarte foi relacionado com o desempenho de Taffarel, sua carreira como jogador e as várias manchetes que foram destaques nos jornais pelo mundo.

El País (Espanha) – “Taffarel: foi a mão de Deus”

Telégrafo (Equador) – “São Taffarel apareceu de novo”

Die Welt (Alemanha) – Cláudio Taffarel supera a solidão do gol”

Última Hora (Paraguai) – “São Taffarel levou o Brasil à vitória”


Sentimento ao qual o jornal também faz coro destacando em título que: “Graças a ele” 59
Taffarel saiu deste episódio, ostentando a imagem de um santo ou de um anjo. A Rede Globo, em matéria especial a respeito da carreira de Taffarel e do seu desempenho frente aos holandeses, encerra a mesma, congelando a imagem do goleiro no momento da comemoração da classificação brasileira, colocando asas de anjinho em Taffarel.

48 Ver Jornal do Brasil, p.4, em 23/06/98.
49Gravação da Rede Globo de Televisão da partida amistosa entre Brasil e Athletic Bilbao, em 31/05/98.
50Ver página 30.
51Gravação da Rede Bandeirantes de Televisão do amistoso da seleção brasileira com a equipe de Athletic Bilbao, em 31/05/98.
52Gravação do programa Cartão Verde da TVE, na noite depois do jogo em Bilbao, no dia 31/05/98.
53Gravação do Sistema Brasileiro de Televisão, do debate realizado depois do jogo em Bilbao, em 31/05/98.
54Gravação da Rede Bandeirantes de Televisão da partida de estréia do Brasil na Copa, em 10/06/98.
55Gravação da Rede Globo de Televisão da partida semifinal da Copa, em 07/07/98.
56Ver Revista Placar, Especial Copa 98, p. 2,3 e 4, nº 6, em 08/07/98.
57Ver Folha de São Paulo, caderno de esportes/Copa 98, p.2, em 08/07/98.
58Ver Jornal Correio do Povo, em 08/07/1998.
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